31 de outubro de 2013

Efeméride: Convite Centro de Ciência, Letras e Artes (CCLA) 112 anos

Abaixo coloco o convite de comemoração do CCLA.


Nas palavras de Alcides Acosta: Para os que se interessarem em saber mais sobre essa notável instituição, sempre carente de apoio de verbas e que não cobra por nenhum dos serviços que disponibiliza, damos a palavra ao presidente, engo. Marino Ziggiatti, que em pronunciamento de conclusão de um de seus mandatos, discorre em certo trecho sobre aspectos históricos do CCLA. Afirmou nessa oportunidade o presidente:

“...O CCLA foi idealizado por César Bierrembach, então professor de história da civilização no Ginásio Culto à Ciência. Com essa iniciativa, César Bierrembach legava a Campinas uma instituição de extraordinário mérito e a mais brilhante prova das excelsas virtudes cívicas do seu fundador, a essa instituição dedicou todo o carinho de seu magnânimo coração. 

Desde então o CCLA vem realizando trajetória contínua, sempre fiel à filosofia positivista, tão divulgada e aceita na época da fundação. Conseguiu César Bierrembach reunir, em uma agremiação, toda a intelectualidade de Campinas, formada principalmente por educadores, cientistas e artistas, todos ávidos de trocarem ideias sobre as mais variadas áreas do conhecimento humano. Iniciada como Maximiliano Coelho Neto, então lente concursado de literatura do Ginásio Culto à Ciência. 

Em um resumo histórico do Centro de Ciências, Letras e Artes, destacamos, a seguir, fatos marcantes da sua trajetória. O CCLA inicia sua história com a sua primeira manifestação cultural: uma mensagem cultural redigida por Coelho Neto a Santos Dumont, cumprimentando-o pelo notável feito da circum-navegação da Torre Eiffel, feito esse que marcou a nova época da navegação aérea.

Em 1902, inicia a publicação de sua primeira revista cultural com periodicidade trimestral. Foi financiada pelo então presidente José de Campos Novais com temas que já revelava a preocupação de preservação das matas, defesa da cultura indígena, com trabalhos de Horta Barbosa e Erasmo Braga.

Em 1904, César Bierrembach tem a clarividência de iniciar a preservação da memória do consagrado maestro e compositor campineiro, Antônio Carlos Gomes, seu amigo pessoal, através do que foi então denominado Arquivo Carlos Gomes. Foram reunidos, nesse arquivo, correspondências, partituras e objetos, não só de Carlos Gomes, respectivamente, pai e irmão de Carlos Gomes.

Em 1906, o Dr. Campos Salles, recém-saído da Presidência da República, visita o CCLA e faz doação de valiosos documentos e objetos de sua propriedade. Esses documentos, acrescidos de vasta bibliografia, compõe hoje o acervo do nosso Museu Campos Salles, o presidente da República campineiro.

Desde o início das atividades, por determinação estatutária, foi instalada, por doações e aquisições de seus associados, a nova Biblioteca, que hoje registra mais de 120 mil títulos, e 80% dos títulos são obras consideradas como raras ou preciosas.

A Biblioteca possui também notável coleção dos jornais de Campinas, desde os datados de 1870 (Gazeta de Campinas e Diário do Povo). Hoje a Biblioteca do CCLA é considerada como um dos principais repositórios da memória histórica de Campinas; Biblioteca que, nestes últimos 50 anos, foi exemplarmente orientada pela bibliotecária Maria Luiza Pinto de Moura, de tão saudosa memória.

Possui também o CCLA uma Pinacoteca com mais de 180 obras, entre as quais destacamos quadros de Pedro Américo, Pedro Alexandrino, Lasar Segal, Gischiatti, que foram doados por esses expositores ao CCLA, além de mostra dos principais artistas contemporâneos de Campinas.

Confirmando sua pujante trajetória inicial, o CCLA, fundado em 1901, já em 1908, inaugurava, à Rua Conceição, esquina da então Rua Francisco Glicério, sua sede própria, onde desenvolveu notável atuação cultural, com a presença de personalidades de renome, como Rui Barbosa, Guiomar Novaes e muitos outros. Infelizmente, essa sede foi demolida em 1936, para atender ao plano urbanístico de Prestes Maia, no alargamento de ruas e avenidas. 

Demolido o prédio, dedicaram-se as diretorias seguintes na aquisição de novo terreno, na Avenida Francisco Glicério esquina com a Rua Bernardino de Campos, onde, em 1942, foi inaugurada a atual sede, na presidência de Nelson Omegna, que contou, na inauguração, com a presença e palestra do embaixador Macedo Soares.

De 1942 a 1952, foram enfrentadas, pelas várias diretorias, a questão financeira, oriunda da construção da sede, provocando uma consequente diminuição das atividades.

Em 1953, houve retomada das atividades culturais, depois de uma memorável eleição disputada, em que foram eleitos o Dr. João de Souza Coelho e o Dr. Roberto Pinto de Moura, que imprimiu ao CCLA uma nova dinâmica cultural. Nesse ano de 1953, fui convidado a instalar o Departamento de Cinema do CCLA.

Em 1957, foi instalado oficialmente o Museu Campos Salles pelo engenheiro Rodolfo Bueno. Recorde-se que, desde 1927, o CCLA recebeu o piano de Carlos Gomes, começando a se ampliar o museu do grande compositor campineiro, quiçá o maior das Américas.

De 1957 a 1960, surgiram os cursos de escultura, orientados por Lelio Colluccini. O curso de artes plásticas para crianças por iniciativa do artista Egas Francisco e o curso de encadernação a cargo de Zink. Destacamos o apoio do Grupo Vanguarda (formado por artistas plásticos de Campinas). Houve a instalação do Departamento de Cinema, com a apresentação dos grandes clássicos da cinematografia mundial, de que resultou o funcionamento do primeiro cineclube de Campinas (1960), ocasião em que se realizou o primeiro Curso de Introdução ao Cinema, com apoio da Cinemateca Brasileira, quando ocorreram palestras de Paulo Emilio Salles Gomes e Rudá de Andrade (curadores da Cinemateca). Entre 1958 e 1960, o Dr. Herculano Gouveia desenvolveu grandes temas jurídicos e promoveu a formação do grupo de audições musicais comentadas, com a participação inclusive do professor José Alexandre dos Santos Ribeiro, Dr. Milton Segurado e outros.

Em 1961, o CCLA comemorou o seu 60 aniversário, realizando uma série de palestras, representativas do “Panorama da Cultura no Brasil”. Apresentaram-se Antonio Candido, Júlio de Mesquita Filho, Florestan Fernandes, Dami Souza Santos, Mario Shoenberger, professor Bardi (expôs desenhos originais de Lasar Segal).

Para essas comemorações, foi criado o logo: “CCLA 60 Anos a Serviço da Cultura”. Houve a colaboração do grande amigo do CCLA, o poeta Heladio Brito. Destacamos, também, a contribuição do maestro Khoelreuter, regendo a orquestra de câmera da UB, quando também se apresentou pela primeira vez em Campinas, o pianista Fernando Lopes e o conjunto de música barroca. Nesse período, a efervescência da política de esquerda trouxe vários novos colaboradores do CCLA. Foi também realizado com sucesso o primeiro festival de filme super 8 mm, em nível nacional, festival que seria realizado por dez anos seguidos, ocasião em que enfrentamos grandes dificuldades com a censura política, no período da Revolução de 1964.

No período de 1980 a 1993, estive acompanhando a distância as atividades do CCLA. Foi, nesse período, incentivado o funcionamento da seção de astronomia.

Foram presidentes: Bráulio Mendes Nogueira, que cuidou dos museus, e Elisiário P. Palermo, com o setor astronômico. Outros grandes presidentes dirigiram o CCLA: Rodolfo Bueno, Herculano Gouveia, Francisco Isolino de Siqueira, Álvaro Cotomacci. Pude conviver com uma grande equipe de companheiros de ideal: Heládio Brito, Lea Ziggiatti, Luiz Picolloto, Francelino Piauí, Henrique de Oliveira, Ilka Laurito e outros.

De 1994 a 1997, tendo assumido a presidência a professora Dayz Peixoto, primeira presidente feminina, esta desenvolveu profícua e valiosa gestão, destacando suas atividades na área de cursos de filosofia, com apoio da Dra. Fulvia Gonçalves, que conseguiu aprovar, na Fapesp, a revitalização do Museu Carlos Gomes, com a dotação de R$ 80.000,00, que possibilitaram a instalação da Sala de Exposição e Reserva Técnica, além da catalogação e informatização do acervo, com as condições técnicas de preservação, sob orientação de técnicos especializados nas áreas de museologia e restauro.

Dayz, batalhando pelo sonho de uma nova sede, mais condizente com as necessidades de preservação do monumental acervo CCLA, conseguiu sensibilizar o governo municipal, obtendo o direito de uso de um terreno localizado no Alto do Taquaral, medindo 50 m x 50 m e área de 2.500 m², na Rua Eunice Navero.

Eu, que estava afastado das atividades do CCLA, fui convidado a voltar a colaborar e promovi o estudo arquitetônico da nova sede. Aceitei prazerosamente o desafio e, com apoio da arquiteta Maria Marta Ziggiatti Cavalhiero, pudemos elaborar o projeto arquitetônico. Sucedendo Daiz, eleito que fui em 1998, para Presidência do CCLA, submeti o projeto à aprovação pelo Conselho Deliberativo e o enviamos em seguida para a aprovação na Prefeitura Municipal de Campinas...).

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