29 de dezembro de 2010

Personagem: 1960-2010 – Cinquenta Anos se Passaram – Turma de 1960 do Instituto de Educação Carlos Gomes

Com esta publicação faço uma homenagem à todas as normalistas e que viraram professoras. Aproveito para homenagear Dayz Peixoto pelo seu trabalho de pesquisadora da história de Campinas; além é claro de outras atividades no passado.

A seguir; o material foi escrito pela própria Dayz.

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Na foto acima, estou recebendo das mãos da Professora Teresina Pares, o diploma de Professor Primário. A alegria estampada no rosto e o olhar fixo no diploma, era a realidade vivida por todos os “professorandos” naquela solenidade. No plano de fundo da foto, minhas colegas, sentadas, aguardam sua vez. Os rapazes, eram poucos, mas também estavam lá.

Na entrega dos diplomas, o ritual que todos ansiosamente aguardavam, tinha por vestimenta o simples uniforme da escola: blusa branca, saia azul, cinto de couro vermelho, sapato preto e meia branca. É de se acreditar que nessa ocasião, o logotipo da escola, bordado no bolso, sentia o pulsar mais forte do coração. O local do ritual, era o palco do Teatro Municipal Carlos Gomes, alguns anos antes de ser demolido. No auditório, os pais e toda a família grantiam os aplausos. Formatura em grande estilo.

Na foto acima e nas demais a seguir mostra o quadro que o IECG tinha por hábito fazer, com todos os alunos e alunas. Nele, na sequencia abaixo, estão também os Professores e o Diretor.

Foi um tempo especial. Nosso sentimento de juventude se equilibrava entre a alegria da busca do conhecimento, e o exercício sincero de cidadania. Estávamos em plena Democracia.

ERAM DUAS CLASSES

Para entrar na “Escola Normal”, como ainda se falava, havia o exame de seleção no final do ano, e era bastante rigoroso.

Minha classe era em sua grande maioria, formada por ex-alunas do Colégio Culto à Ciência e de outras escolas de Campinas. A outra classe, ao que parecia, era formada por alunas que vinham do curso ginasial da própria Escola.

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A partir daqui as formandas e formandos; note que todos com um semblante alegre de orgulho pelo feito conquistado.


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VISTA DO PRÉDIO - INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CARLOS GOMES

Reproduzo aqui para facilitar a visualização o exterior, na fotografia abaixo.

O Instituto de Educação Carlos Gomes, 1958

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Por se tratar de uma fotografia do estabelecimento de ensino referente ao período a que me refiro (1958/1960) elaboro sobre ela algumas reflexões. Como segue abaixo.

Realmente, nos anos 50, o Instituto de Educação Carlos Gomes, não precisava de cercas e nem muros. Não existia violência ou interferências externas para justificar esse procedimento.

A foto tirada da esquina do antigo Cine Voga, nos possibilita a apreciação de seu entorno paisagístico. Era um paisagismo limpo, nada ofuscando a beleza e grandeza do prédio.

Distinguimos duas grandes áreas de entorno. Ao lado esquerda do prédio, estava uma parte da Praça Carlos Gomes. E à direita, lado da Rua Benjamim Constant, o grande terreno baldio, onde se destacavam os jequitibás e uma grande tamarindeira, da qual podíamos saborear os deliciosos tamarindos. Nesse terreno, foi construída anos mais tarde, a nova sede da Prefeitura Municipal de Campinas.

É bom lembrar que nesse período houve o cenário festivo do futebol brasileiro. No primeiro ano do curso, enquanto fazíamos provas na sala de aula, o Brasil jogava na Suécia, pelo título da Copa de 1958. Era impossível saber se o suor das mãos era por preocupação com as provas na classe, ou pelo resultado do jogo! De alguma forma os fogos amenizavam a ansiedade.

BREVE DESCRIÇÃO DA CIDADE NO PERÍODO AQUI RETRATADO

Além do cinema, teatro e bailes, havia as atividades culturais do CCLA – Centro de Ciências, Letras e Artes - com palestras, cursos, concertos, cinema, teatro. E ainda muitas outras formas de de entretenimento e participação. Foi nessa época de 1958 – que os artistas contemporâneos de Campinas criaram o Grupo Vanguarda, implantando uma nova estética nas artes plásticas da cidade. E era também, no CCLA, que o TEC (Teatro do Estudante de Campinas) realizava suas experimentações na arte cênica. A Galeria de Arte Aremar, localizada dentro da empresa Aremar Viagens e Turismo, à Rua Gen. Osório, colocava na vitrine as novas propostas artísticas em artes plásticas.

A UCC - Universidade Católica de Campinas, à Rua Marechal Deodoro, 1099, com suas Faculdades de Direito, Odontologia, Filosofia, Economia, entre outras, formavam as novas safras de Professores secundaristas, Advogados, Dentistas, Economistas.


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Demolição da Igreja do Rosário. Foto do Centro de Memória da UNICAMP.

Bem, nos anos de 1950, Campinas passava por muitas transformações. Suas feições centrais eram desfiguradas. A grande vítima da década foi sem dúvida a Igreja do Rosário. Com sua demolição, confirmava-se um certo destino trágico na história da cidade: as demolições de seus ícones arquitetônicos, paisagísticos e históricos. Os espaçso vazios deixados pelas demolições ficaram como lacunas na identidade campineira.

A grande vítima, 10 anos depois, em 1966, foi o Teatro Municipal Carlos Gomes. Sua demolição nunca justificada, ganhou o sentido de nova tragédia na cultura campineira, a mais lembrada. E outras demolições viriam, como o Solar dos Alves, na Av. Francisco Glicério, esquina de Rua Barreto Leme, entre outras edificações, que deram lugar a prédios de vários andares.

No final da década de 50, iniciou-se a verticalização desenfreada na paisagem urbana central. Era um prédio novo que surgia, um após outro, e de repente, vários aos mesmo tempo. Campinas foi tomad por uma febre de construção de prédios. Em 1966, o documentário “Um Pedreiro”, que dirigi para o Cine-Clube Universitário, mostra esse aspecto da cidade.

Se em 1956, era possível, do alto da Av. Andrade Neves, contar o número de novos prédios que surgiam, nos anos seguintes, a quantidade de prédios havia aumentado, a contá-los tornava-se impossível, porque uns cobriam os outros.

O boom de construções, atingiu os bairros e Campinas cresceu em seu diâmetro.

Campinas 1956 - Fot Quirino Mariano Peixoto

A região da Torre do Castelo, que foi o primeiro lugar de Campinas que conheci, era em 1956, um bairro novo, ainda praticamente sem construções, e as ruas, de terra. Na esquin da Rua Oliveira Cardoso, esquina com o balão da Torre do Castelo, ficava o ponto final do bonde 10.

Das janelas da Torre do Castelo as fotografias acima (de 1956) e abaixo mostram as transformações. São fotos de meu arquivo pessoal e do fotógrafo amador, Quirino Mariano Peixoto.

A casa da esquina da Av. Andrade Neves com Rua Orlando Carpino não havia sido construída. Ela vai aparecer na foto abaixo, de 1960.


Campinas 1960 - Fot Quirino Mariano Peixoto

Abaixo em 1959, ainda foto de meu arquivo pessoal e do fotógrafo amador, Quirino Mariano Peixoto.Campinas. À 1959, à esquerda do espectador, o Solar dos Alves, demolido nos anos 60.


Av Fco Glicerio vista do Solar dos Alves_casarao a esquerda Fot Quirino Mariano Peixoto

CAMPINAS EM PRETO E BRANCO ("pb")


Campinas sempre foi profícua em suas atividades fotográficas. É bom lembrar que aqui se realizou as primeiras experiências de descoberta da fotografia, em 1832, por Hércules Florence.

Nos anos 50, a foto “pb” fazia parte do glamour campineiro. O Foto-Cine-Clube de Campinas, no CCLA, se encarregava de estimular a criação de novas experiências no processo de criação, enquanto profissionais e amadores realizavam suas fotos, sendo que muitas delas podem ser consideras hoje, como registros da história de Campinas.

Época da fotografia “pb” - Os fotógrafos em ação, abaixo; Campinas 1960, Largo do Rosário. Formatura NPOR; foto do meu acervo pessoal.


fotografos_1960

Dayz autografando seu livro

Dayz Peixoto autografando um de seus livros.

Aproveitando para homenagear Dayz Peixto, coloco aqui alguns dados sobre a mesma.

Veio para Campinas, com a família, em 1956; morava em Ribeirão Preto. Completou o curso ginasial no Colégio Culto à Ciência em 1957. Em seguida, estudou no Instituto de Educação Carlos Gomes, conforme relato acima. De 1960 a 1964, cursou Filosofia na Universidade Católica de Campinas.

De 1959 a 1987, trabalhou na Prefeitura Municipal de Campinas. De 1973-78, integrou-se à equipe que implantou o Ensino de Primeiro Grau na rede municipal de ensino de Campinas.

A partir de 1978 foi destacada para participar da implantação do Museu da Imagem e do Som, órgão da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de Campinas. No MIS permaneceu por mais de 9 anos, como coordenadora, quando se aposentou.

De 1992 a 1998, dedicou-se ao Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA), tendo sido sua presidente por duas gestões.

Considera que sua formação de educadora sempre influiu em suas ações, no plano da criação estética ou de gestão cultural.

Assim é Dayz Peixoto Fonseca.

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