24 de maio de 2007

Memória Fotogrática: Av. Andrades Neves

Foto mostrando a avenida no início dos anos de 1900. Bucólica foto.

23 de maio de 2007

Curiosidades: Bondes

A Companhia Campineira de Carris de Ferro (CCCF), criada em 1878 e em 25 de setembro de 1879 começava o serviço de bondes de tração animal (mulas) em Campinas.


O serviço dispunha de quatro carros, sendo que em 1904 adquiriram da Companhia Viação Paulista mais alguns deles, devido à desativação daquela empresa. Em 24 de junho de 1912 é que começaram a circular em Campinas os bondes elétricos, que foram importados dos Estados Unidos, fabricados pela empresa J.G. Brill.

A empresa responsável por essa implantação foi a CCTL&F (Companhia Campineira de Tracção, Luz e Força), fundada em 1910. Ela importou 8 carros e posteriormente, em 1923, trouxe mais 8, veículos que estavam circulando na cidade estadunidense de Filadélfia.



Os bondes utilizavam uma rede elétrica de corrente contínua, com tensão de 600 volts e sua bitola era de 1000 mm, a mesma usada pelas ferrovias de maior porte, como a Mogiana.
Em 18 de março de 1917, com a inviabilidade de se manter os trens do Ramal Férreo Campineiro (RFC.), a CCTL&F decidiu comprar a empresa e desativou definitivamente o uso dos trens. Este foi, então, o fim da "cabrita", 23 anos após sua viagem inaugural, o que causou uma comoção geral nos moradores da região e de seus usuários. Porém, como alternativa, um serviço de bondes, ligando Campinas à fazenda Cabras começou a ser elaborado e para isso a empresa encomendou da J.G. Brill em 1919, o "bondão", apelido dado a ele por ser bem maior que os bondes abertos que atendiam na área urbana.

O ramal começou a ser eletrificado e teve suas bitolas aumentadas para 1000 mm já a partir de 1917; em 1919 estas obras já estavam atingindo a fazenda Cabras. A troca de bitola serviu para que esta linha se compatibilizasse com a dos bondes urbanos, da qual o bondão utilizava, em parte de seu trajeto. Um ponto importante: num país sem nenhuma tradição e tecnologia, a eletrificação do RFC se deu antes até da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, empresa muito mais rica, apesar de ter que se levar em conta as diferenças enormes de projeto de um ramal de 21 km contra uma ferrovia de grande porte.

O ponto inicial era defronte a estação da Cia. Paulista, que de lá seguia pela av. Andrade Neves, depois pelo bairro da Guanabara e finalmente atingia a zona rural, passando pela fazenda Vila Brandina, situada pouco antes da estação Engo. Cavalcante, na época uma das mais importantes fazendas de gado leiteiro da região. Nesta fazenda havia somente uma parada com plataforma simples e descoberta.

Com o fim dos trens e o início dos bondes, o ramal de Santa Maria, Dr. Lacerda, não foi aproveitado. Porém, têm-se relatos de que veículos sobre trilhos, dotados de motores a combustão interna, à gasolina, tenham se utilizado deste ramal, que manteve sua bitola em 0,60m até outubro de 1939, quando finalmente foi desativado.

Em 1928, o controle acionário da CCTL&F passou para a Electric Bond & Share (EBASCO), uma empresa estadunidense que explorou o sistema de bondes elétricos de Campinas até 1950. Contudo, o nome da CCTL&F ainda foi mantido.

Em 27 de outubro de 1950 todo a ativo da CCTL&F passa então para a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), que explora o serviço da linha de Cabras até 1952, mas mantendo o controle sobre as linhas urbanas.

Em 18 de agosto de 1952, a CPFL resolveu passar para a Estrada de Ferro Sorocabana a exploração da antiga linha do RFC, e foi mantido assim, o serviço de bondes. Em 12 de novembro de 1952 a Sorocabana encerrou o serviço de encomendas e tráfego de mercadorias e animais que ainda mantinha ativo por um bonde duplo. Em 22 de abril de 1953 a Sorocabana tentou encerrar as atividades do ramal mas por força de protesto público desistiu da idéia.

Porém, o "bondão" terminou seus dias e acabou sendo trocado por quatro bondes de truque simples, comprados de segunda mão, da cidade de Belo Horizonte. Estes eram praticamente iguais aos da CCTL&F, mas pintados de cor verde, a cor oficial daquela empresa, diferente dos bondes vermelhos e amarelos da outra empresa. Outra diferença interessante era um enorme holofote, um bom auxiliar ao medíocre farol original, pois grande parte do seu trajeto era feito em áreas rurais, sem qualquer tipo de iluminação pública. Nesta época eram feitas três viagens diárias entre Campinas e Cabras.



No início de 1954, a CCTL&F, a esta altura uma subsidiária da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), transferiu o serviço de bondes para a prefeitura de Campinas. Todo o maquinário (28 carros) e 26 km de linhas foram vendidos para a prefeitura por Cr$ 3.000.000,00.


Em 30 de setembro de 1954 a prefeitura contrata a Companhia Campineira de Transportes Coletivos (CCTC), que já atuava na cidade com ônibus urbanos, para explorar o sistema por 10 anos. Quase cinco anos depois, em 10 de fevereiro de 1960, a Sorocabana também resolveu abandonar o serviço de seus bondes da linha de Cabras, alegando falta de lucratividade.





Com a saída da EFS do negócio, a CCTC, em 10 de fevereiro de 1960, assumiu a linha de Cabras para si, integrando-a ao seu sistema urbano de bondes, criando a linha de número 14, denominada Bairro Boa Esperança, mas usando somente os seus 7 km iniciais, que terminava nas imediações da Fazenda Vila Brandina. O bonde para Sousas, Joaquim Egídio e Cabras deixava então, definitivamente, o cenário campineiro.





A cidade crescia rapidamente, desde o início da década de 1960. A estrutura da sua linha de bondes era simples, usando linha de mão única. Por isso, haviam desvios em determinados pontos das rotas, para permitir a passagem de outro bonde da mesma linha, e assim ocupavam quase toda a largura da rua. Além disso, quase sempre trafegavam por ruas estreitas. O tráfego começou a se tornar caótico com o aumento natural da frota, e em 1964 os bondes começaram a ser aos poucos retirados das ruas, culminando com o fim das atividades em 24 de maio de 1968. A CCTC chegou a ter 28 carros da J.G.Brill, operando quatorze linhas, com 58 km de trilhos implantados.


Depois, em 5 de novembro de 1972, a prefeitura municipal inaugurou uma linha interna circular de 4 quilômetros ao redor da lagoa do Taquaral (que teve o nome alterado em 1980 para Parque Portugal – mas nome que o povo persiste em manter é de Lagoa do Taquaral. Nome este que é o do bairro onde está o parque), com quatro bondes.

21 de maio de 2007

20 de maio de 2007

Curiosidades: Cia. Ramal Férreo Campineiro

A fundação do Ramal Férreo Campineiro se deu nos anos finais de 1800, mais precisamente em 1889. Nesta época, em plena era de mudanças políticas radicais, o país ainda era eminentemente agrícola e no estado de São Paulo a cafeicultura era muito próspera e desenvolvida, atividade que crescia a cada ano.

Pode-se medir o grande poder econômico que havia em torno do café, lembrando que duas grandes ferrovias, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro e a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, foram fundadas por grupos de cafeicultores.

Em Campinas as grandes fazendas de café ainda estavam em franco desenvolvimento, mesmo após o período de adaptação e de reformas que sucedeu o fim da mão de obra escravagista.
Foi neste município que, graças aos interesses de dois fazendeiros, Paulo Machado Florence e do Dr. Inácio de Queirós Lacerda, surgiu em meados de 1889 a idéia da criação de um ramal ferroviário que ligasse as suas fazendas, a de Cabras e do Dr. Lacerda, situadas na região de Joaquim Egídio, à estação ferroviária de Campinas, afim de facilitar o escoamento da safra de café, até o momento ainda restrito ao transporte de tração animal. Joaquim Egídio, hoje, é um bucólico distrito de Campinas, ligado à cidade por rodovia asfaltada, nas proximidades de Sousas, também um outro distrito, porém bem mais desenvolvido.

Um contrato foi assinado, em 9 de outubro de 1890, para dar início às obras, e foi o engenheiro maranhense, Dr. Carlos William Stevenson, designado como responsável pelo projeto.

Dr. Carlos William Stevenson

O custo total da obra foi de cerca de 1.290:000$; a linha utilizava uma bitola (distância entre os trilhos) de 0,60m, seu menor raio de curva era de 60 metros, sua maior declividade era de 0,30m e a velocidade média da composição era de 23 km. por hora. Quatro anos mais tarde se deu a viagem inaugural, em 20 de Setembro de 1894.

Logo após sua implantação, o trem, utilizado tanto para transporte de pessoal como de carga, foi carinhosamente apelidado pelos usuários de "cabrita", talvez pelos trancos e balanços que se sentiam nos vagões, devido à pequena bitola, mas com mais certeza pela referência ao nome da fazenda Cabras, que era o final de linha. O Ribeirão das Cabras, afluente do Rio Atibaia, corta a região de Sousas e Joaquim Egídio. A ferrovia o margeava em grande parte de sua extensão.

A empresa tinha, nesta época, o seguinte material rodante: quatro locomotivas à vapor, onze carros de passageiros e vinte e quatro vagões de carga. A comprimento total da linha do R.F.C. era 10 km do ramal do Dr. Lacerda e mais 33 km. no ramal de Cabras.

As estações ao longo da linha do R.F.C.eram as seguintes:

Km Nome da Estação
0 Campinas
4 Guanabara
10 Engenheiro Cavalcante
17 Arraial de Sousas
21 Joaquim Egídio
25 Capoeira Grande
29 Quedas
33 Cabras

No km. 21, da estação de Joaquim Egídio, um outro ramal (Santa Maria) seguia para a fazenda do Dr. Lacerda , com cerca de 10 km. de extensão e com as seguintes estações:

Km Nome da Estação
0 Joaquim Egídio
7 Alpes
10 Dr. Lacerda

Porém, a partir da metade da década de 1910, as coisas começaram a se complicar na região. Em 1917 e nos anos que se seguiram, veio a decadência econômica do café, após a terrível crise do ataque da "broca", uma peste para a qual não se tinha controle, e que levou vários fazendeiros da região à bancarrota. Talvez esta tenha sido a grande causa responsável por não se conseguir manter os custos operacionais da ferrovia, mesmo que fosse ela de pequeno porte. O Ramal Férreo Campineiro estava, portanto, com seus dias contados.

Até hoje, no sub-distrito de Sousas, a ponte metálica que era utilizada para se cruzar o rio Atibaia, desde a época dos trens, se encontra ao lado esquerdo da ponte de concreto (sentido Joaquim Egídio), construída posteriormente.

Esta ponte foi parcialmente destruída pelos revolucionários paulistas, em 1932, para dificultar o acesso das tropas federais à cidade. Parte do antigo leito da ferrovia, desde Sousas até Joaquim Egídio, com cerca de 4 km de extensão, margeando o Ribeirão das Cabras, e que até hoje é chamado de "estrada do bonde", mantém-se quase no seu estado original, mas sem os trilhos e os postes, e é um local muito utilizado por grupos de pessoas adeptas das caminhadas.

Este trecho já está devidamente tombado pelo CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas). Em Joaquim Egídio pode-se ainda andar pelo antigo leito do ramal de Dr. Lacerda, hoje uma estrada de terra servindo chácaras e sítios da região, bem como acesso a uma usina de energia da C.P.F.L.

Por iniciativa popular e de saudosistas residentes na cidade, quatro dos bondes da CCTC foram preservados e estão em funcionamento, numa linha turística de cerca 4 km de extensão, no interior do Parque Portugal, no bairro do Taquaral, um aprazível local de lazer da cidade. Infelizmente nenhum dos "bondões" da CCTL&F foram preservados.

Ambas fotos do "bondão". A debaixo mostra o desenho com banheiros.


A estação de Joaquim Egídio ficou em ruínas durante um longo tempo, exceto pelos seus alicerces e a caixa d'água. Um antigo armazém, atrás da estação, conseguiu ser mantido em pé e hoje abriga um restaurante. A estação foi totalmente restaurada e entregue em 22 de setembro de 2000.

19 de maio de 2007

Descaso com a História: Externato São João

Veja história do descaso em reportagem de 1994 abaixo.

Acima cartão postal da Casa Mascotte de 1900.

Clique sobre a reportagem; para ler com mais detalhes.


Foto atual do externato.


Abaixo o que se tem hoje na área demolida.


17 de maio de 2007

Memória Fotográfica: Av. Barão de Itapura

Av. Barão de Itapura por volta de 1900, vend0-se na foto o bonde puxado por burros.

Descaso com a História: Teatro Carlos Gomes

Abaixo vemos na primeira foto de 1950, aparece o teatro. Já na segunda foto, de 1999, aparece o terreno já com o teatro demolido.

15 de maio de 2007

Descaso com a História: Teatro São Carlos

Abaixo vemos na primeira foto no início de 1900, aparece o teatro. Já na segunda foto, de 1924, aparece o terreno já com o teatro demolido.

14 de maio de 2007

Personagem: Anníbal Freitas

O professor Anníbal Freitas nasceu em Rezende, no Estado do Rio de Janeiro, em 15 de Junho de 1.885, filho de Francisco Augusto Freitas e Maria Eugênia Oliveira Freitas, tendo cursado os preparatórios parcelados à Faculdade de Direito, e, em 1.903 ingressou na Faculdade de Farmácia, e, como primeiro aluno, de acordo com o regulamento de então, exerceu as funções de preparador de três cadeias, Química Mineral, Hidrologia, e Mineralogia do catedrático doutor Edmundo Xavier, de Química Orgânica e Biologia, do catedrático doutor Pedro Batista de Andrade, o grande químico brasileiro e finalmente da cadeira de Química Analítica e Toxicologia.

Reside, inicialmente, em São Paulo e depois em Lorena, onde exerce as funções de farmacêutico, e, nesta última cidade é eleito vereador à Câmara Municipal.

Em 1.909 o professor Anníbal Freitas candidata-se à cadeira de Física e Química, do então Ginásio do Estado de Campinas, obtendo nesse concurso a primeira classificação, conquistando, assim, a cátedra que durante tantos anos honrou sobremaneira.

Sua atitude pedagógica é significativa, acumulando, em 1.911, a cadeira de História Natural.

Nunca se fêz ausente dos problemas sociais e como homem público e político foi eleito em 1.923 vereador à Câmara Municipal de Campinas, tendo sido escolhido presidente do Poder Legislativo, pôsto que ocupou até 1.930.

Com o desdobramento da cadeira que conquistara em significativo concurso público, o professor Anníbal Freitas opta pela de Física, em 1.928.

Nesse mesmo ano foi nomeado diretor do Colégio Estadual “Culto à Ciência”, no qual foi posteriormente efetivado e em que se aposentou depois de 35 anos de trabalhos efetivos em pról da Educação em Campinas.

Além desta atividade que marcou as realizações do ensino, o professor Aníbal Freitas lecionou durante muitos anos em diversos colégios campineiros: Ateneu Paulista, Cesário Mota, Diocesano Santa Maria, Progresso Campineiro, e, foi um dos fundadores da Escola de Comércio “Bento Quirino”.

Exerceu a cátedra de Física Geral e Experimental, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da Universidade Católica de Campinas.

É autor de inúmeros trabalhos e obras, tais como: “Noções de Química Geral”, de 1.913, editada pelas Oficinas Salesianas; “Curso de Física”, em 3 volumes, para o então ginásio de cinco anos; de 1.917 e publicado em cinco edições pela Companhia Melhoramentos de São Paulo; “Curso de Física”, em 3 volumes, para os atuais cursos científico e clássico do ensino secundário, tendo a 1ª série onze edições, a 2ª e 3ª séries 9 e 8 edições, respectivamente, publicados todos pela Companhia Melhoramentos de São Paulo e “Ciências Naturais”, em 2 volumes, em colaboração com o professor Paulo Décourt, editado em 4 edições pela Companhia Melhoramentos de São Paulo.

É nome de escola estadual em Campinas.

12 de maio de 2007

Curiodades: Cronologia do Teatro São Carlos

Caso queira ver com mais detalhes, clique sobre a imagem.

11 de maio de 2007

Personagem: Álvaro Ribeiro

Materiais cedidos pelo grande cronista do cotidiano e história campineira, jornalista MOACYR CASTRO.

Materiais que se seguem:


“Seremos na imprensa vigilantes fiscaes da administração pública e zeladores intransigentes do direito collectivo.”

E assim se fazem os jornais de Álvaro Ribeiro.

Filho de Maria Augusta e Antônio Joaquim Ribeiro, portugueses, esse campineiro nascido a 17 de fevereiro de 1876, viveu só 53 anos; falecendo a 13 de agosto de 1929. Mas fundou dois jornais, participou da fundação de outros dois, construiu e dirigiu um hospital para crianças pobres e dois colégios, o Cesário Motta e o Ateneu Paulista. Foi vereador por sete legislaturas consecutivas, desde 1906, e escreveu um livro, Falsa Democracia, denunciando o clientelismo político no Brasil, nos três anos que passou exilado em Portugal, por causa da fracassada revolução de 1924. Jamais recuou: “Em política, adotei, como programa, os princípios básicos da democracia: a moralidade administrativa, a soberania das urnas e a representação das minorias. Na imprensa, como jornalista, nunca a minha pena deixou de obedecer ao meu pensamento.”

Depois de auxiliar na criação dos jornais “Cidade de Campinas” e “Commércio de Campinas”, Álvaro Ribeiro fundou, em 1912, o Diário do Povo: “Com programa combativo e, dirigindo-o pelo espaço de doze anos, fiz dele o jornal de maior circulação dos que se editam no interior do Estado de São Paulo.”. Na imprensa, ele deixou a marca de sua atuação: “Verberando os excessos de autoridades e os abusos administrativos, defendia as causas que me pareciam justas; estimulando as iniciativas úteis e a caridade, protegia os fracos, socorrendo os infelizes e enfermos, ao mesmo tempo em que zelava dos direitos collectivos; propagava os sãos princípios democráticos em parallelo com os preceitos de humanidade.”.

Em maio de 1924, Álvaro Ribeiro deixou o Diário do Povo “por profunda incompatibilidade” com o sócio. Já cuidava da fundação de outro jornal: “De feição moderna e progressista, sendo o que pretendia dotar minha terra, quando irrompeu a revolução, interrompendo meu trabalho.”.

A notícia da revolta comandada pelo general Izidoro Dias Lopes em São Paulo, contra o governo do presidente Arthur Bernardes que mantinha os brasileiros sob estado de sítio, chegou a Campinas às nove horas da noite de 5 de Julho de 1924. Um boletim na porta da Casa Mascote, que ficava na Rua Barão de Jaguara, alertava que soldados rebeldes haviam cercado o palácio do governo e posto o governador Carlos de Campos para correr. Mais: dizia que, fora da capital paulista, o maior foco de resistência ao movimento era Campinas e que a cidade seria bombardeada.

Nas ruas, comentavam que o prefeito Miguel Penteado e o delegado regional haviam abandonado a cidade, deixando-a acéfala. Acompanhado de seu secretário Tasso de Magalhães, o então vereador e líder da Oposição Álvaro Ribeiro rumou para a Estação da Companhia Paulista a fim de telefonar para as autoridades militares de Jundiaí. O coronel Mesquita, comandante do Segundo Grupo de Artilharia de Montanha, baseado naquela cidade, confirmou a revolta, deu a entender que havia aderido e sugeriu que o jornalista, como líder da Oposição, assumisse a Prefeitura e se mantivesse neutro. Álvaro Ribeiro aceitou, mas impôs que não houvesse violência em Campinas. O coronel garantiu.

Às onze horas da noite, já estava na Delegacia Regional. O escrivão Jaime Rocha lavrou o termo de nomeação de Pedro Magalhães Júnior como delegado provisório e Álvaro tomou o comando da cidade. Agiu rápido: proibiu a saída de víveres; tabelou o preço dos alimentos; ordenou que o pão fosse vendido a peso e reduziu o preço da carne, cuidando para que uma comissão vigiasse o consumo.

Mas sua preocupação maior era com os desassistidos: abriu o hospital de isolamento; instalou enfermaria de emergência; dobrou a assistência médica; reativou ambulâncias e providenciou vacinas e remédios, para conter o surto de sarampo e gripe que alcançava a cidade. Reforçou a limpeza urbana e determinou a lavagem e desinfecção diária dos abrigos de refugiados que chegavam da Capital. Removeu os doentes mentais, havia anos internados no porão da delegacia, para o manicômio do distrito de Sousas.

O prefeito Miguel Penteado reapareceu dois dias depois, para exigir o cargo, alegando não ter abandonado o posto. Álvaro Ribeiro ligou para o coronel Mesquita. O próprio general Izidoro atendeu e mandou que o vereador continuasse no comando da cidade, acrescentando que o prefeito havia dinamitado pontes para dificultar a ação dos revolucionários. Com a revolta sufocada em 17 dias, a Justiça Federal processou Álvaro Ribeiro. Miguel Penteado depôs contra ele no processo e o jornalista, para não ser preso, partiu para o exílio em Portugal, terra de seus pais. Deixou uma Campinas livre da violência e da revolta – nenhum campineiro fora molestado nem detido naquele período.

Como registra o jornalista Eustáquio Gomes, “Álvaro sempre alegou que seus fins eram pacíficos; sua revolução fora principalmente sanitária”.

Voltou três anos depois, em julho de 1927, numa situação inédita na história política do Brasil: reeleito vereador por aclamação popular, quando ainda estava no exílio. Reassumiu o comando do Colégio Ateneu Paulista, acelerou as obras do “Hospital para Crianças Pobres”, que hoje leva seu nome, e, em dois meses, a 4 de setembro, fazia circular em Campinas seu grande sonho: “Um jornal moderno, na altura do seu progresso, e de conformidade com a cultura do seu povo”. O Correio Popular.

O jornalista e historiador campineiro Júlio Mariano registra: “Coube a Álvaro Ribeiro a iniciativa revolucionária no interior de instalar na Princesa D’Oeste a imprensa moderna. Homem público a quem a imprensa era uma necessidade premente, como complemento à sua tribuna política de vereador, Álvaro Ribeiro lançou à publicidade a 4 de setembro de 1927 o Correio Popular, servido desde o seu primeiro número de máquinas linotipos, para a composição, e prelo rotativo para o rodar de suas edições. Contou desde logo com uma redação completa, com um redator próprio para cada uma de suas seções, que eram várias, dando-se ao luxo de possuir mesmo um secretário e um subsecretário e um redator exclusivo para as sociais.

Com Tasso Magalhães respondendo inicialmente pela organização da redação, da qual foi secretário, era impossível o ‘bico’ como atividade aos seus auxiliares, porquanto se exigia a presença dos redatores no jornal mesmo durante o dia, a partir das 13 horas. A César Ladeira, então jovem, que mais tarde, em São Paulo e no Rio de Janeiro, se revelaria brilhante locutor, coube inaugurar, na moderna folha de Álvaro Ribeiro, a coluna de sociais, escrevendo quotidianamente, para abertura, um poemeto em prosa, que se tornara muito em moda, com Álvaro Moreira, no Rio, e Guilherme de Almeida, na Paulicéia. Como colunista de sociais usava César Ladeira o pseudônimo de Noel Vilaça. A novidade das instalações do Correio Popular, com o seu moderno e caro maquinário e a sua pesada folha de pagamento, como não poderia deixar de acontecer, alvoroçou Campinas.”.

Na edição inaugural, Álvaro Ribeiro definia no editorial da primeira página “O nosso objectivo”, sempre perseguido e respeitado pelos que fazem o jornal que ele criou para Campinas: “... nos bateremos por todas as causas justas e defensivas, sem preocupações secundárias, para manter conquistas liberaes postergadas por momentâneas conveniências de uma política retrógrada e impatriótica.”.

Retribuía: “A inthensa simpathia pública que rodeou a fundação desta folha é mais um estímulo para o cumprimento integral do nosso dever cívico e social.”. E arrematava: “E tudo fizemos contando exclusivamente com o apoio popular, do qual dependemos, para prosperidade e aperfeiçoamento desta empresa.”.

Outro artigo do mesmo cronista:

“Álvaro Ribeiro dorme seu derradeiro sono de herói” - MOACYR CASTRO

Com essa manchete, o Correio Popular de 14 de Agosto de 1929 noticiava a morte de seu fundador. O editorial “Tristíssima perda”, estampado na primeira página, lamentava: “Nesta hora dolorosa em que a angústia nos invade o peito, sentimo-nos como que petrificados em face do profundo golpe por que acabamos de passar. Desaparece do cenário da vida Álvaro Ribeiro, nosso mestre, amigo e chefe. A mágoa que experimentamos e que toda a sociedade campineira experimenta é bem o dístico simbólico do valor desse homem que nasceu sob a égide do Trabalho e da Honra para defender os interesses do povo e bem servir a coletividade.”.

A notícia biográfica enfatiza o espírito de luta em defesa de sua cidade: “Sua pena esteve sempre ao lado das aspirações nobres e justas, propugnando sempre pela vitória da causa popular. E por isso mesmo, o povo campineiro fez dele seu ídolo, depositando nele a sua confiança e elegendo-o à vereança municipal durante sete legislaturas consecutivas. Todo bom campineiro traz no coração o retrato daqueles momentos angustiosos de ansiedade, em que Álvaro surgia como anjo tutelar de sua terra, zelando pela vida, pela honra, pela segurança e tranqüilidade dos seus contemporâneos.”.

Com a morte de Álvaro Ribeiro, seu secretário e grande amigo Tasso Magalhães assumiu a chefia de redação do jornal, mantendo fidelidade à linha independente e de oposição aos desmandos cometidos contra a cidade pelos governantes do Partido Republicano Paulista, o onipresente PRP, que mandava em tudo, até o advento da Revolução de 30. Houve época em que só Álvaro Ribeiro não pertencia àquele partido na Câmara Municipal. “Naquele tempo, vereador trabalhava pela cidade e não ganhava nada”, destaca a filha Maria José.

Bem lembrado, Zezé... "

Mais uma crônica sobre Álvaro Ribeiro.

“O derradeiro sono do herói” - MOACYR CASTRO

Há 70 anos, a educação, a saúde, a imprensa e Campinas perdiam Álvaro Ribeiro, fundador do “Diário do Povo”, em 1912, e do “Correio Popular”, em 1927, hoje jornais da RAC -- Rede Anhangüera de Comunicações.

Suas filhas Maria José, Elisa Augusta e o filho Álvaro não se esquecem do pai nem da tragédia daquela noite, no refeitório do Colégio Ateneu Paulista, fundado por ele. Maria José e Elisa estavam com a mãe, Hermínia de Godoy Ribeiro, no Cine São Carlos. De repente, apareceu na tela um recado escrito à mão numa folha de papel transparente, colocada na frente do projetor: “Alguém da família Álvaro Ribeiro compareça à portaria.” Hermínia saiu apressada com as duas filhas e encontrou na porta do cinema um grupo de alunos e funcionários do Ateneu. “Disseram que papai havia sofrido um mal súbito na escola, mas quando chegamos lá, ele já estava morto”, lembra Maria José. “Ele discutiu com um aluno interno, da cidade de Socorro”, diz Álvaro Ribeiro Filho, mas nem ele nem as irmãs lembram-se do nome.

Maria José diz que alguns internos do Ateneu eram rebeldes, “filhinhos de papai”, de famílias de fazendeiros da região, que gostavam de fazer algazarra na hora do jantar. “Naquela noite, papai entrou no refeitório disposto a acabar com a folia e começou a se sentir mal diante daquela gritaria. Nos contaram que ele só teve tempo de levar as mãos ao peito e lamentar com aqueles garotos: ‘Vocês estão me matando!’. Caiu e morreu”.

O filho Alvarito acrescenta que o pai já não se sentia bem havia algum tempo. “Os médicos diziam que ele não tinha nada”, afirma. “Mas foram os anos de exílio que agravaram sua saúde”, garantem as filhas. Álvaro Ribeiro aderiu à Revolução de 24, comandada pelo general Izidoro Dias Lopes, contra as oligarquias que sustentavam o governo de Arthur Bernardes, quase todo sob estado de sítio. “Ele deve ter sido o primeiro campineiro exilado político”, acredita Elisa Augusta, hoje com 80 anos, morando em São Paulo.

Alvarito era muito pequeno, tinha dois meses quando o pai embarcou para Lisboa, ainda em 1924, e se lembra pouco dele. “Voltei a Campinas com três anos e aprendi a falar Português em Portugal...” Elisa tinha dez anos. Ela conta que o pai alugou uma quinta (chácara) no Estoril e a batizou com seu nome: “Quinta Elisa”. Tempos difíceis.

A mãe, o filho e as filhas viajaram no vapor “Marsília”, numa jornada de quase um mês, da qual eles nada se lembram, de tanto enjôo. “Chovia muito quando chegamos com mamãe, seis meses depois de papai. Ela foi procurar algo para vedar a porta da varanda e o que encontrou foi uma bandeira do Brasil, que ninguém sabe como estava lá. Não me esqueço desse episódio e da emoção do meu pai. Ele me punha no colo e dizia: ‘Veja como o céu daqui é bonito, mas não é mais bonito que o de Campinas. Nem o sol brilha igual...’”. No exílio, Álvaro escreveu o livro “Falsa democracia”, sempre atual, “porque denuncia o abandono dos desfavorecidos e a força dos poderosos contra os oprimidos que já havia no Brasil”, comparam os filhos.

Maria José, a mais velha, 83 anos, vivendo em Petrópolis, ainda fala com horror da Revolução de 24: “Foi pavoroso. O povo fugia dos bombardeios; a comida havia acabado; perseguiam papai, que era o único membro da oposição na cidade. Refugiados chegavam de São Paulo e eram instigados a procurá-lo, como se ele fosse o culpado pela revolta. Campinas ficou uma cidade aberta, entregue à própria sorte, sem meios para abrigar tantos feridos e doentes, muitos com tifo. Entravam em casa armados, buscavam meu pai até debaixo da cama. Um desaforo!”.

Já no exílio, segundo Maria José, Álvaro Ribeiro encontrou-se em Lisboa com Washington Luís, que vinha de Paris, então recém-eleito para suceder a Arthur Bernardes. “O Washington prometeu a papai anistiar a todos os exilados por aquela revolução. Mas a anistia só veio quando papai decidiu voltar, em 1927, e, com um grupo de amigos, e dos primos, donos da famosa Confeitaria Colombo, cobrou a promessa do presidente, no Rio de Janeiro. Sua chegada a Campinas, na Estação da Paulista, foi uma apoteose. O povo o carregou em triunfo até nossa casa, na Rua Doutor Quirino”, lembra Maria José. “A mesma casa que tinha sido do Barão de Jaguara”, emenda Elisa Augusta. Maria José não se esquece daquele momento: “Ele fez um discurso muito bonito, falava bem. Sempre que eu via o Carlos Lacerda discursando, aqui no Rio, me lembrava de papai. Era um homem que enxergava o futuro, conseguia ver o que era invisível para os outros!”.

Outro episódio inesquecível para essa “repórter da família Ribeiro”, como os irmãos a consideram: “Eu tinha seis anos. Papai era vereador, sempre na oposição. Parou na porta de casa um carro luxuoso e desceu uma mulher muito chique. Eu estava no portão, ela me deu um anel de brilhantes e pediu para falar com o Álvaro Ribeiro. Minutos depois, aquela mulher saiu quase escorraçada de casa. A mando de alguém, ela queria o apoio dele para que votasse, na Câmara, o aumento da conta de luz. Sei que a luz não aumentou. A mulher fugiu assustada. Nem tive como devolver o anel. Tenho até hoje, como lembrança daquela história...” Maria José jura que não sabe quem era aquela dona...”


Seu túmulo em sua cidade natal, Campinas.

10 de maio de 2007

Curiosidades: Leopoldo Amaral - Caricatura

A caricatura feita por Clemen, em 1928, mostra os dois lados do intelectual Leopoldo Amaral: o jornalista e o historiador.

Na mão esquerda, um exemplar do jornal O Estado de São Paulo, embaixo do braço, uma edição de seu livro Campinas Recordações.

9 de maio de 2007

Memória Fotográfica: Oficina da Cia. Mogiana

Abaixo foto de cartão postal editado pela Casa Mascotte e mostrando a oficina da Cia. Mogiana isto nos anos da década de 1910.

8 de maio de 2007

Memória Fotográfica: 1944 - Cine República - Destruído por incêndio

O Cine República, no Largo da Catedral esquina da av. Francisco Glicério e rua Costa Aguiar, palco de eventos grandiosos, em seus 18 anos de atividade; foi destruído por um incêndio em 1944.

7 de maio de 2007

Memória Fotográfica: "Empreza" Fabril

Foto retirada do Almanaque Campinas de 1900, mostra a Empreza Fabril, que produzia máquinas para lavoura e indústria da época.

6 de maio de 2007

Curiosidades: As Rotas dos Bondes em Campinas

Linha n.º 1 - Vila Industrial - tinha como ponto de partida a av. Francisco Glicério, em frente aos Correios e Telégrafos, seguido pelas ruas Conceição, Barão de Jaguara, Moraes Sales, Viaduto Paulista, av. João Jorge, ruas Sales de Oliveira, Pereira Lima, Jóquei Clube, Dr. Mascarenhas, av. Andrade Neves, rua 13 de Maio e, por esta, até o ponto de onde partia.

Linha n.º 2 - Vila Industrial - partia da Praça José Bonifácio (Largo da Catedral), seguia pela av. Francisco Glicério, rua General Osório, av. Andrade Neves, ruas Dr. Mascarenhas, Pereira Lima, Sales de Oliveira, av. João Jorge, Viaduto da Paulista, rua Moraes Sales, av. Francisco Glicério e, por esta, até a Praça de partida.

Linha n.º 3 - Guanabara - partia da Praça José Bonifácio (Largo da Catedral), seguia pela av. Francisco Glicério, ruas General Osório, José Paulino, Barão Geraldo de Rezende, av. Barão de Itapura, até o Liceu N.S. Auxiliadora, de onde voltava pelo mesmo percurso até a rua José Paulino, entrando pela rua 13 de Maio em direção ao seu ponto inicial.

Linha n.º 4 - Taquaral - partia da Praça Bento Quirino, atingindo as ruas Sacramento, Marechal Deodoro, Dr. Quirino, Major Solon, Paula Bueno até a Amador Bueno, de onde retornava pelo mesmo percurso.

Linha n.º 5 - Estação - Circular, saía da Praça José Bonifácio (Largo da Catedral), seguindo pela av. Francisco Glicério, rua General Osório, av. Andrade Neves, Praça Floriano Peixoto (Largo da Estação), rua 13 de Maio até o ponto inicial.

Linha n.º 6 - Cambuí - saía da rua Dr. Quirino, descia a rua Thomas Alves, prosseguia pela av. Anchieta, rua General Osório, av. Júlio Mesquita, ruas Olavo Bilac, Santos Dumont, Cel. Quirino, Conceição, av. Júlio Mesquita, ruas Gal. Osório e, pela Dr. Quirino, atingia o ponto inicial.

Linha n.º 7 - Cambuí - também circular, como o outro, partia da rua Dr. Quirino descia a Thomaz Alves, caminhava pela av. Anchieta, rua General Osório, sendo o restante o percurso similar ao anterior.

Linha n.º 8 - Bonfim - Partia da Praça José Bonifácio, seguindo pela av. Francisco Glicério, rua General Osório, av. Andrade Neves, rua Dr. Mascarenhas, av. Governador Pedro de Toledo e Praça Izidoro Dias Lopes, rua Erasmo Braga, de onde voltava pelo mesmo percurso até a av. Andrade Neves, passando pela Praça Floriano Peixoto (Largo da Estação), descendo, depois a rua Treze de Maio até o local de partida (Praça José Bonifácio).

Linha n.º 9 - Botafogo - era, sem dúvida a mais alegre por transportar grande número de adolescentes que se dirigia ao tradicional Colégio Culto à Ciência. Além de sempre festivo e risonho, muito trabalho acarretava ao seu cobrador, pois tantos os meninos quanto as meninas, além da gritaria e do gargalhar, procuravam sempre contrariar as normas estabelecidas e se aboletavam pelos estribos do bonde, a fim de demonstrar sua valentia e o descumprimento às leis. O trajeto era: Praça José Bonifácio, seguindo pela av. Francisco Glicério, ruas Gal. Osório, Saldanha Marinho, Hércules Florence, Culto à Ciência, Barão de Itapura, av. Andrade Neves, praça Floriano Peixoto (Largo da Estação), rua 13 de Maio, até o ponto inicial.

Linha n.º 10 - Castelo - o ponto de partida era na praça Bento Quirino, seguindo pelas ruas Sacramento, Marechal Deodoro, Dr. Quirino, av. Dona Libânia, av. Orosimbo Maia, av. Brasil, ruas Joana de Gusmão, Barros Monteiro, Pereira Tangerino e Oliveira Cardoso, onde estava o o final da linha bem perto à Torre do Castelo. A volta era pelo mesmo itinerário.

Linha n.º 11 - Avenida Saudade - Ponte Preta - Fundão - saía da av. Francisco Glicério, defronte aos Correios e Telégrafos, indo pelas ruas Conceição, Barão de Jaguara, Abolição, Álvaro Ribeiro, av. Saudade até o portão do Cemitério, de onde voltava pelo mesmo trajeto até o cruzamento das ruas Barão de Jaguara e Moraes Sales, prosseguindo por ela até a av. Francisco Glicério, e por esta, até o ponto inicial.

Linha n.º 12 - Bosque - partia da av. Francisco Glicério, em frente aos Correios, seguindo pelas ruas Conceição, Barão de Jaguara, Moraes Sales, Antônio Cesarino, Duque de Caxias, Padre Vieira, rua Proença (final da linha), de onde voltava pelo mesmo percurso até a rua Moraes Sales, quando entrava pela Francisco Glicério até o ponto inicial.

Linha n.º 13 - Vila dos Alecrins - Praça Municípios de São Paulo ou Praça Municípios - partia da rua Dr. Quirino com Thomas Alves, seguindo pela rua Major Solon, av. Orosimbo Maia, ruas dos Alecrins, Antônio Lapa, Capitão Francisco Paula, Querubim Uriel, até a Vila Estanislau, seu ponto final. Voltava pelo mesmo itinerário.

Linha n.º 14 - Boa Esperança - Esta foi a linha estabelecida pela CCTC para repor a antiga linha da CCTL&F. Praticamente era de percurso idêntico à linha original da CCTL&F. Seu ponto final era no bairro Boa Esperança, conhecido vulgarmente na época por "Fura Zóio". Essa última parada ficava à poucos metros dos limites da fazenda Vila Brandina, por onde anteriormente os trilhos continuavam seu caminho em direção à Sousas.

5 de maio de 2007

Memória Fotográfica: PRC-9 Rádio Educadora de Campinas

A Era do Rádio em Campinas, cartaz promocional da Rádio Educadora (PRC-9) da década de 1940.

Para ver detalhes; clique sobre a imagem. Vemos aqui ao lado direito do espectador um grande locutor e historiador de Campinas, João Baptista Sá (conhecido como Jolumá Brito)

4 de maio de 2007

Personagem: Custódio Manoel Alves

Custódio Manoel Alves, digno e operoso filho de Campinas, nascido a 4 de março de 1835 e aqui falecido em 29 de janeiro de 1904. Espírito dinâmico e inteligência viva, ligou o seu nome a quase todas as iniciativas locais do seu tempo.

Com Bento Quirino, Rafael Sampaio e outros, foi fundador do antigo Clube Cultural. Durante muitos anos fez parte da diretoria da Empresa Teatro São Carlos, bem como da extinta Cia. Ramal Férreo Campineiro. Em companhia do Barão de Ataliba desempenhou cargos de relevo na diretoria da Cia. Mogiana, tendo sido também um dos dirigente da antiga Cia. de Iluminação a Gás.

Na esfera da atividade pública, deve-lhe Campinas o levantamento da sua primeira planta topográfica, pelos idos de 1840, trabalho esse que por muitos anos serviu de guia aos técnicos da nossa Edilidade para seus trabalhos congêneres. Amante da nossa história, deixou-nos, entre outros, um documento de importante valor subsidiário referente a gênese das nossas ruas e praças, edifícios públicos e particulares.

Na revista do Centro de Ciências Letras e Artes deu publicidade a um trabalho desse gênero, intitulado: "Notas sobre Campinas", contendo a cópia textual da ata da sessão extraordinária da nossa Câmara Municipal, de 6 de setembro de 1848, especialmente reunida para o fim de dar denominações oficiais às nossas ruas e praças de então que as não tinham ou as que possuíam com caráter popular.

É nome de rua no bairro Bonfim.

Foto abaixo, de 1864, de quando ele tocava na Banda Musical de amadores "Philophernica" do maestro Sant'Anna Gomes (irmão de Carlos Gomes) e fazia parte dentre outros, Bento Quirino dos Santos.


Abaixo fotos de seu túmulo no Cemitério da Saudade em Campinas; ao lado dos túmulos de Roque de Marco e Mário Gatti.


3 de maio de 2007

Curiosidades: Asylo de Mendigos - 1904 / Asylo de Inválidos - 1905 / Lar dos Velhinhos de Campinas - 1972


Além de pesquisa em livros e inspirado na coluna de Célia Siqueira Farjallat, grande professora aposentada e também cronista do cotidiano e da história de Campinas, no jornal Correio Popular de 25 de julho de 1997.

Graças ao jornalista Antônio Sarmento a idéia da fundação de uma casa para os mendigos de Campinas; ele defendeu esta idéia nas colunas do antigo Diário de Campinas, em 22 de janeiro e 8 defeveiro de 1899, segundo registro do professor doutor Carlos Francisco de Paula, na Monografia Histórica de Campinas de 1952.

Cinco anos mais tarde, a idéia foi defendida pelo dr. Paulo Machado Florence, então delegado de Polícia, em reunião realizada em 25 de julho de 1904 e assim fundou-se o Asylo de Mendigos, voltado, como o próprio nome diz, para assistência à mendicidade. Por causa do grande número de pessoas com problemas físicos e mentais que buscavam abrigo no asilo, em 1905 seu nome foi mudado para Asylo de Inválidos.

Em seus primeiros tempos, estivem à frente da instituição: Orosimbo Maia (Presidente), dr. Alberto Sarmento (Vice-presidente), Joaquim Villac (1º secretário), Tito Martins Ferreira (2º Secretário), Antônio Egídio Nogueira (Tesoureiro), Joaquim Augusto de Faria Cardoso (Procurador) e Vitalino Ferraz (Mordomo).

Uma das primeiras providências foi comprar a Chácara República do Coronel Bento Bicudo. No casarão senhorial da fazenda instalou-se a humanitária instituição, que acolheu 15 indigentes de início, número que chegou a 200 em pouco tempo. E os anos foram correndo, o Asilo crescendo, recebendo mendigos e criaturas marcadas pela idade e pela total pobreza.

Houve também na administração do antigo Asilo de Inválidos um homem de extraordinária presença: Luiz Antônio Assumpção Leite, convidado para o cargo por Orosimbo Maia. Homem extremanete responsável e caridoso, tratou de transformar o terreno do Asilo em um grande pomar e horta, cujos produtos reforçavam a alimentação dos asilados.

Sensíbilidade, dedicação e bons princípios grangearam-lhe o apoio e a simpatia dos asilados e dos beneméritos. Assumpção Leite e sua família residiam em dependências da Obra, e sendo musicistas como o pai alegravam as horas de lazer com boa música; Dalila, Joaquina e Débora colaboraram para a alegria e bem estar dos asilados, e todos pareciam formar uma só e feliz família.

A Câmara Municipal de Campinas pela lei 1840, de 29 de novembro de 1957, deu o nome do bom administrador (Luiz Antônio Assumpção Leite), que faleceu em 1944, à rua que circunda o local.

Em 1972 se transformaria em Lar dos Velhinhos de Campinas e que permanece até os dias atuais. Os mais antigos ainda o chamam de “asilo” apesar deste conceito ter sido mudado na época em que passou a ter o nome atual.

Nesta imagem área, de 2007, pode-se ver toda a extensão do Lar dos Velhinhos de Campinas.

1 de maio de 2007

Memória Fotográfica: Largo do Rósário

Foto, início de 1900, de cartão postal emitido pela Casa Genoud. Mostra todo o arvoredo que havia no Largo do Rosário, inclusive sua cascata.