31 de agosto de 2006

Memória Fotográfica: 1889 - Igreja São Benedito e Casa de Saúde


Vista parcial de Campinas, onde se destacam à esquerda da foto o Circolo Italiani Uniti, hoje Casa de Saúde da Campinas e a Igreja São Benedito, mais ao centro da foto.

30 de agosto de 2006

Memória Fotográfica: 1888 - O Pátio do Rosário


O pátio do Rosário, atual Praça Visconde de Indaiatuba, mais conhecido como Largo do Rosário. Ao lado direito da foto vê-se a Igreja do Rosário, já demolida, sem as torres, que foram demolidas, por se acharem em pergio de desabamento. Neste local, durante muitos anos, eram realizadas as "feiras-livres" desaparecidas com a construção do Jardim.

29 de agosto de 2006

Memória Fotográfica: 1882 - Discurso de Campos Sales

Interior do Teatro São Carlos, a 5 de janeiro de 1882, quando discursava o deputado campineiro Manuel Ferraz de Campos Sales, futuro presidente da República. Foi o único presidente que Campinas produziu até esta data.

28 de agosto de 2006

Memória Fotográfica: 1880 - Ainda o centro da cidade


Numa imagem mais focada na igrela Matriz da Catedral; podemos ver mais nitidamente a Rua Conceição; que nesta data (1880) ainda se chamava Rua Formosa; isto porque em 30 de novembro de 1883, às vésperas das comemorações da inauguração do majestoso templo de Nossa Senhora da Conceição (Catedral), que iria ocorrer no dia 8 de dezembro, um grupo fe 58 cidadãos residentes naquela via pública, encaminharam um pedido à Câmara Municipal solicitando que se lhe desse o nome de rua Conceição. Justificaram a petição com o argumento de que, ela, iniciando-se em frente àquela magnífica igreja, fazia jus à legenda pedida. Tal pedido foi aceito e assim passou-se a chamar rua Conceição a partir de 1883.

27 de agosto de 2006

Memória Fotográfica: 1880 - Uma visão do centro da cidade

Nada melhor para começar a contar a História através da fotografia, do que uma das fotos mais antiga, de 1880, focando o centro; podendo ver ao lado esquerdo da foto onde se originou a cidade de Campinas.

Esta foto mostra uma visão parcial; ela foi capturada a partir do bairro Cambuí; vemos ao lado esquerdo da foto o que era o Largo Público ou Largo Municipal; hoje a Praça Imprensa Fluminense onde esta alojado o Centro de Convivência Cultural. Ao fundo do lado direito da foto, pode-se ver a Igreja Catedral, com sua torre sobressaindo de todas as outras moradias; o que é natural no início das cidades.

26 de agosto de 2006

Curiosidades: Campinas no Século XIX (1800-1899)

As impressões de um viajante, de passagem, francês Saint Hilaire sobre Campinas em 1819

Agostinho Francisco Cézar de Saint Hilaire, cientista, nasceu em Orleans, na França, em 1799 e ali faleceu em 1853. De família notável, cujos descendentes se destacavam nas ciências e nas letras, decidiu se dedicar à história natural, se destacando também.

Em companhia do Duque de Luxemburgo, indicado pela corte portuguesa no Rio de Janeiro, Saint Hilaire visitou o Brasil e aqui permaneceu durante algum tempo, viajando.

Das cidades que visitou escreveu diversas obras, todas sobre o título ‘Viagens’, só especificando as cidades. Esteve em São Paulo, passando por Moji-Guaçu, Moji-Mirim, São Carlos, Campinas e Jundiaí. Na tarde de 23 de outubro de 1819, num Sábado, Saint Hilaire chegou à Campinas, passando o domingo aqui, para continuar a viagem no dia 25, numa segunda-feira.

Acompanhe um trecho da narração do francês da Antiga Vila de São Carlos:

"Chegando à Campinas, estabeleci-me na entrada da cidade sob um vasto rancho coberto de telhas e cercado de muros sólidos feitos de taipa.

A Vila é cercada de mato por todos os lados, as ruas não têm muita largura, as casas são novas, muito próximas umas das outras, cobertas de telhas e construídas, na maior parte, com ‘terra socada’ ou taipa"

Saint Hilaire ainda escreveu que não acreditava no cultivo da cana-de-açúcar na Vila porque tinha a crença que somente as terras pretas de Itú eram próprias para a agricultura.


Fase Colonial da Sociedade Campineira

A economia regional foi marcada inicialmente pela lavoura canavieira e pela indústria açucareira com o uso significativo de mão-de-obra escrava.

No início do século XIX, a economia passou gradativamente da monocultura açucareira para a monocultura cafeeira e em 1830, o café já estava consolidado. 24 anos depois, havia em Campinas 117 fazendas com a produção anual de mais de 300 mil arrobas de café. Logo em seguida, os imigrantes europeus já estavam substituindo a mão-de-obra escrava nas fazendas e ferrovias; isto a partir de 1870.

Apesar de ser uma sociedade conservadora devido à monocultura, ao patriarcalismo e à escravidão, a agricultura desenvolveu o setor terciário (comércio e finanças) acumulando capital. Em suma: criou uma infra-estrutura capaz de organizar e alavancar o crescimento industrial à partir do final do século XIX.

A sociedade colonial começou no final da década de 30, ainda no século XVIII e durou até 1850. É nessa fase que a cidade surge e se desenvolve em termos políticos e econômicos.

Há uma concentração de pessoas das mais variadas categorias e procedências, desde os mais pobres, até a camada aristocrática, que deteve o poder de decisão durante todo o século XIX. Essa sociedade também era composta por muitos escravos que serviam de mão-de-obra em toda a região.

No início, os povoadores eram lavradores que desenvolviam atividades de agropecuária e agricultura baseada na economia de subsistência. Com a produção excedente, Campinas começa a se regionalizar, gerando uma infra-estrutura comercial e um centro econômico desde o sul de Minas Gerais ao interior. Mas o que desenvolveu a cidade à partir da segunda metade do século XVIII é a lavoura de exportação de cana-de-açúcar, produto que vai abastecer a economia local durante mais de um século, colocando a cidade no circuito capitalista mundial do Porto de Santos à Europa.

Os chamados "engenheiros" do açúcar, donos de grandes propriedades com seus engenhos, é que fortalecem o mercado econômico de forma rápida e investindo na mão-de-obra escrava nos canaviais. Não é à toa que Campinas foi considerada o maior centro escravista do país, em um período tenebroso.

Vale lembrar que neste período, mais da metade da população existente era escrava.

Antes de todo o crescimento político e econômico, Campinas era uma cidade acanhada, despojada, sem estilo de vida, com ruas estreitas, becos e com grandes lacunas em sua planta urbana.

A construção do Teatro São Carlos, em 1850, simboliza a ruptura econômica e o açúcar cede espaço para o café, muito mais lucrativo. A cultura cafeeira do Vale do Paraíba com as famosas terras roxas, chega enfim à região de Campinas.

Não é novidade que o ‘Baronato do Café’ era uma sociedade mais refinada que a anterior. Essa nova elite local dominava a cidade que passou a ser conhecida como centro agrícola e comercial.

Depois da fase senhorial dos ‘barões endinheirados’ surge a modernidade com a ascensão capitalista formada por migrantes e trabalhadores livres.

Em 1870, a sociedade passa a exigir uma cidade mais higienizada e equipamentos urbanos capazes de suprir as necessidades da cidade. Nesta época, Campinas ganha o codinome de "Princesa D’Oeste"

25 de agosto de 2006

Curiosidades: Campinas em meados do século XVIII (1750-1799)

O último quartel do século XVIII marcou o fim de uma época. Em 1789 estourou a Revolução Francesa, que pôs fim ao absolutismo dos reis. mas estabeleceu o delírio libertário e sangulnário da turba irresponsável e desvairada.

É sempre assim: A tirania abre o caminho para a anarquia. O opressão dá lugar à rebelião. Que tudo subverte. Foi o governo absoluto e dissoluto de Luis XV de França, que serviu de modelo para o governo de Dom João V de Portugal, que procurou imitar o luxo da corte do perdulário monarca francês, que entendia que o rei é rei, para gozar e gastar mais do que os outros.

O Rei Dom João V recebe o título "Magnífico", devido ao fausto da sua corte. João Amaral, na sua História de Portugal, refere grande número de munificiências perdulárias praticadas pelo monarca português. Essas munificiências, porém, eram custeadas pelo ouro e pelos diamantes que lhe vinham do Brasil.

Eis porque no Século XVIII. a maior preocupação da metrópole portuguesa consistia em aumentar a produção do ouro, para enriquecer a fazenda real. Assim, pois, fundar freguesias, onde não houvesse ouro, diamantes, esmeraldas, não interessava às autoridades reais. Esse foi motivo pelo qual Francisco Barreto Leme não encontrou apoio oficial, para fundar a "freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas de Mato Grosso".

Essa fundação não interessava às autoridades portuguesas, que se preocupavam só com o ouro de Cuiabá e de Goiás, e com os diamantes de Minas Gerais e também pelo ouro que já escasseava, em Vila Rica.

Com Centro-Sul do Brasil, ameaçado peIas incursões espanholas. O encarregado de restaurar a Capitânia foi Luís António de Sousa Botelho Mourão, o IV Morgado de Mateus, que fundou várias vilas e freguesias para atender o seu projeto geopolítico.

A última freguesia fundada por determinação do IV Morgado de Mateus foi a de Nossa Senhora da Conceição das Campinas de Mato Grosso.

Campinas tornou-se em pouco tempo o núcleo central do quadrilátero do açúcar, que incluia ainda Piracicaba, Jundiaí e Moji Mirim, e que se tornou a principal área produtora de cana no século XVIII e primeiras décadas do século XIX, antes da introdução do café.

Seriam "engenheiros" como eram conhecidos os donos de engenho de cana, os primeiros líderes políticos de Campinas e região. Uma verdadeira dinastia econômica e política foi fundada pelo capitão Domingos Teixeira Vilela, nascido em Braga, em Portugal, e que vivia há vários anos em Baependi, em Minas Gerais, casado com Ângela Isabel Nogueira.

O capitão Teixeira se fixou em Campinas em 1775 e coube a dois de seus oito fIlhos, Felipe Néri Teixeira e Joaquim José Teixeira Nogueira, o papel de introduzir a cana Freguesia, em conjunto com Antônio Ferraz de Campos, sempre conforme os interesses estratégicos de Lisboa. Com os altos preços no mercado Internacional, que alcançaram um recorde em 1796, o poder político dos "engenheiros" se consolidou. Com isso a elevação da Freguesia à Vila foi al.cançada rapidamente. A Vila de São Carlos, segundo nome de Campinas, foi instalada a 14 de dezembro em 1797, com a eleição da primeira Câmara.

A Câmara Municipal foI instalada comum corpo de seis vereadores, que tinham um mandato anual. Dos 30 primeiros mandatos titulares, correspondentes às cinco primeiras legislaturas, 17 foram ocupados por senhores de engenho.

Em 1797, com as rendas públicas atingindo RS 50$000, com mais de 400 casas, totalizando 2107 habitantes, sendo 700 deles escravos, e muitos líderes regionais que podiam se encaixar nos cargos da República, a então Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso começava a sua emancipação política, desmembrando-se de Jundiaí. Os integrantes do governo municipal eram praticamente obrigados a se instalarem em Jundiaí, o que causava sérios embaraços aos lavradores engenheiros em função da Freguesia ser dependente da cidade nos aspectos político e econômico.

Por isso, os moradores da Freguesia decidiram enviar, em 1797, uma petição ao governador da capitania de São Paulo, Morgado de Mateus, que começava assim:
"Dizem os moradores da nova Freguesia de Campinas do termo de Jundiaí, que consta do assinado junto, que se vêm vexados em servirem aos cargos da República da dita Vila por morarem desviados da mesma 8, 10, 12, 14 léguas, no que sentem gravíssimos prejuízos nas suas lavouras por serem engenheiros". A palavra engenheiro significava ‘proprietário de engenho’.

A cana produziu riqueza e contribuiu para começar a projetar Campinas no cenário nacional, mas escravidão no microcosmo campineiro indica como injustiças sociais têm raízes profundas no Brasil, permanecendo ainda como o grande desafio para o século XXI.

Segundo recenseamentos registrados; Campinas tinha: em 1767, com 264 moradores; em 1768, com 44 pessoas (só pais e filhos homens); em 1773, quando já freguesia, com 383 moradores; em 1774, com 393 moradores e 1797 com 2107 moradores e por volta de 400 moradias.

24 de agosto de 2006

Curiosidades: Campinas na época da Lei das Sesmarias

Sesmaria era a concessão de terras no Brasil pelo Governo Português com o intuito de desenvolver a agricultura, a criação de gado e, mais tarde, o extrativismo vegetal, tendo se expandido à cultura do café e do cacau. Ao mesmo tempo, servia a povoar o território e a recompensar nobres, navegadores ou militares por serviços prestados à coroa portuguesa. O sistema de sesmarias do Brasil era um prolongamento do sistema jurídico português, estabelecido pela lei de 26 de maio de 1375 e baixada por Dom Fernando I.

A sesmaria representava a exploração econômica da terra de maneira rápida, tendo fundamentado a organização social e do trabalho desenvolvida no Brasil, assim como o latifúndio monocultor e escravagista.

A Lei das Sesmarias foi promulgada em Santarém a 28 de maio de 1375, durante o reinado de Dom Fernando I. Insere-se num contexto de crise econômica que se manifestava há já algumas décadas por toda a Europa e que a peste negra veio agravar.

O rei de Portugal por intermédio do governador da capitania (Capitão-General Antônio da Silva Caldeira Pimentel), passou a conceder sesmarias nos “Campinhos de Mato Grosso”. Em 7 de agosto de 1728, feita petíção inicial da sesmaria a Antonio da Cunha de Abreu e concedida ou confirmada (através de Cartas de Sesmaria, vide exemplo na foto acima) em 15 de novembro de 1732, sendo uma das primeiras na região.

Nessa sesmaria concedida a Antonio da Cunha de Abreu, foi que veio estabelecer-se mais tarde, em 1744, Francisco Barreto Leme. Certamente no todo ou em parte, sendo que ela media uma légua em quadra, fazendo «pião no campinho do meio», mais ou menos onde mais tarde se levantaria a Matriz Velha, hoje Igreja do Carmo, inaugurada em 14 de julho de 1774.

23 de agosto de 2006

Monumento: O Monumento à Fundação da Cidade de Campinas


O monumento que lembra a fundação da cidade de Campinas está na praça Guilherme de Almeida na confluência entre: av. Francisco Glicério, av. Campos Sales, rua General Osório e rua Regente Feijó e em frente ao Palácio da Justiça. Poucos devem saber da existência do símbolo que foi e é palco de tantas histórias, cada uma a seu tempo.

Na realidade, monumento deveria estar na Praça Antônio Pompeo / Praça Bento Quirino, em frente ao Largo do Carmo (Igreja do Carmo) onde está o “Marco Zero”. Ali foi construída a primeira capela da cidade, então bairro e também rezada a primeira missa em homenagem à fundação da cidade que após a celebração se tornou a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas de Mato Grosso.

O monumento dos fundadores é o símbolo concreto da história oficial; além do brasão de Campinas e do nome em destaque de Franscisco Barreto Leme, aparece os de seus colaboradores (José de Souza Siqueira, Diogo da Silva Rego, José da Silva Leme, Domingos da Costa Machado, Francisco P. de Magalhães, Salvador de Pinho, Luís Pedrosa de Almeida, Bernardo Guedes Barreto); mas não há qualquer menção a Dom Luís António de Souza Botelho Mourão, IV Morgado de Mateus, que teve papel fundamental no processo de fundação de Campinas, como a história comprova.

A única referência ao IV Morgado de Mateus na cidade é a Rua Dom Luís António de Souza, no Jardim Proença, bairro onde esteve localizado o primeiro pouso de tropeiros da “Campinas do Mato Grosso”, no ‘campinho’ onde hoje está o estádio de futebol do Guarani Futebol Clube.

O próprio bairro Jardim Proença, urbanizado à partir do loteamento da Chácara Paraíso onde passava o Caminho de Goiáses, resta pouco do passado original. A única construção que lembra o momento da fundação de Campinas é a casa onde morava o proprietário da chácara, Joaquim José de Carvalho e onde residiu ex-prefeito Antônio da Costa Santos (morto em 2001).

Já a Avenida José de Sousa Campos (Via Norte–Sul), o asfalto esconde o córrego Proença que servia de percurso para o caminho de Goiáses, estrada que determinou a criação da cidade. Mas a estrada que dava acesso ao ‘caminho’ está desfigurada. Depois de passar pelo bairro Jardim Tamoio, o roteiro do antigo trajeto é engolido por uma mar de edifícios no Jardim Proença.

Os marcos de tão aclamado progresso de Campinas representam o gradativo aniquilamento da memória da cidade.

22 de agosto de 2006

Monumento: “Marco Zero” da História de Campinas


Localizado entre as ruas Barreto Leme, Sacramento, Barão de Jaguara e Av. Benjamin Constant, está o "Marco Zero" (como se pode ver nas fotos acima. É um quadrado em branco com um círculo preto bem ao meio) da Vila de São Carlos.

O local é testemunho da transformação de Campinas de "bairro rural" em Freguesia (1774), foi nas suas imediações que, no último quarto do século XVIII, desenhou-se o traçado das primeiras ruas (então denominadas "rua de baixo", "rua do meio" e "rua de cima") do povoado. Entre as praças Bento Quirino e Antônio Pompeo (pequeno jardim localizado entre o Jockey Club e a Rua Tomás Alves), delimitou-se o centro tradicional da cidade, instalando-se nesta área a primeira Igreja Matriz, o cemitério e os principais edifícios da Freguesia.

Na atual Praça Bento Quirino é ainda possível ver dois monumentos importantes: o monumento-túmulo de Antônio Carlos Gomes (há uma cópia desse monumento defronte ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro) e o monumento a Bento Quirino dos Santos. Ficando ao lado das praças está a Igreja do Carmo.

Hoje o Município de Campinas está formado pela cidade do mesmo nome e os distritos de Barão Geraldo, Nova Aparecida, Sousas e Joaquim Egídio.
Localização absoluta:
Latitude: 22º 53’ 20"
Longitude: 47º 04’ 39" Oeste
Altitude média: 696 metros
Localização relativa:
Municípios limítrofes: Jaguariúna (N), Pedreira (NE), Morungaba (I,), Valinhos (SE), Itupeva e Indaiatuba (S), Monte Mór (SO), Sumaré (O), Paulínia (NO).

A cidade está na parte central do município, na região centro leste do estado de São Paulo, a 93 km. da capital pela Rodovia Anhanguera e 98 pela Rodovia dos Bandeirantes. Dista 437 km do Rio de Janeiro, cidade a que se tem acesso pelas rodovias D. Pedro I e Dutra, e 1000 km de Brasília (se faz pela Rodovia Anhanguera, atravessando-se o Rio Grande, na passagem para Minas Gerais, seguindo pelo triângulo mineiro, chega-se a Goiás), a que tem acesso pelas rodovias D. Pedro e Fernão Dias. Por via aérea, chega-se em uma hora ao Rio e, via São Paulo, em duas horas a Brasília.
Aspectos geográficos
Superfície: 781 km
Relêvo: O município está localizado na área de contato entre o Planalto Cristalino Atlântico e a Depressão Periférica do Estado de São Paulo. Não há mudança brusca na passagem dessas áreas, surgindo gradualmente a diferenciação entre elas. As rochas sedimentares são as que apresentam formas mais suaves enquanto que as cristalinas favorecem o aparecimento de formas mais movimentadas, com algumas
serras como a das Cabras em Joaquim Egídio.
Solo: Latossolo roxo, latossolo vermelho escuro; latossolo vermelho-amarelo, fase rasa e latossolo vermelho amarelo.
Vegetação: Mata tropical latifoliada com folhas largas e aplainadas. Suas árvores típicas são: pau d’a1ho, peroba, sucupira, jacarandá, jatobá e ipê.

Clima: Subtropical de altitude, com verão quente e úmido e inverno frio e seco.
Temperatura média anual de 20°C com influência das massas de ar equatorial continental, tropical atlântico e polar atlântica. Predomina o vento sudeste, mas são comuns as mudanças de intensidade e direção durante o dia, provocando alterações violentas na temperatura, esfriando à noite. 70% das chuvas acontece entre outubro e março, com intensidade maior entre dezembro e fevereiro, sendo a média anual de precipitação de 1.380 mm.

Hidrografia: O município está cortado, ao Norte e Nordeste, pelos rios Atibaia e Jaguari (o Atibaia tem dois afluentes, os ribeirões das Cabras e Anhumas, onde é despejado parte do esgoto) e pelo Rio Capivari na faixa sul, que tem como principal afluente o Córrego Piçarrão, que leva a maior parte do esgoto.

21 de agosto de 2006

Curiosidades: Leis de formação histórico-administrativa de Campinas

Frequesia criada com a denominação de Nossa Senhora da Conceição das Campinas de Mato Grosso, por Portaria de 27 de maio de 1774, no Município de Jundiaí.

Elevado à categoria de Vila com a denominação de Vila de São Carlos, por Portaria de 04 de novembro de 1797 e ordem régia de 16 de novembro de 1797, desmembrado de Jundiaí. Constituído do distrito sede, Campinas. Sua instalação verificou-se no dia 14 de dezembro de 1797.

A Lei nº. 5 ou nº. 181, de 5 de fevereiro de 1842, categoria de cidade, dando-lhe a denominação de Campinas.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o Município de Campinas figurava com 7 Distritos: Campina Santa Cruz, Valinhos, Arraial dos Sousas, Vila Americana (hoje Americana), Cosmópolis e Rebouças (hoje Sumaré).

Lei Estadual nº. 1983, de 12 de novembro de 1924, desmembra do Município de Campinas o Distrito de Vila Americana.

Em Divisão Administrativa do ano de 1933, o Município de Campinas figurava com 6 Distritos os mesmos de 1911 menos Vila Americana (hoje Americana).

Decreto-Lei nº. 6570, de 13 de julho de 1934, cria o Distrito de Vila Industrial e incorpora ao Município de Campinas.

No quadro fixado na data de 31de dezembro de 1934, volta o Município possuir 7 Distritos: Campinas, Santa Cruz, Valinhos, Arraial dos Sousas, Cosmópolis, Rebouças e Vila Industrial.

Na referente ao ano 1933, nota-se a ausência de Vila Americana. Na data de 31 de dezembro de 1936, volta a possuir 7 Distritos, por ter ganho o de Vila Industrial, situação que permanece no dia 31 de dezembro de 1937.

No quadro anexo ao Decreto-lei nº. 9073, de 31 de março de 1938, o Município surge com 5 Distritos: Campinas (subdividos em 3 zonas: Conceição, Santa Cruz e Vila Industrial), Arraial dos Sousas, Cosmópolis, Rebouças e Valinhos.

No quadro fixado pelo Decreto Estadual nº. 9775, de 30 de novembro de 1938, para vigorar no qüinqüênio 1939-1943, o Distrito de Arraial dos Sousas aparece simplesmente como Sousas.

Decreto-Lei nº. 14334, de 30 de novembro de 1944, cria o Distrito de Paulínia e incorpora ao Município de Campinas.

Decreto-Lei Estadual nº. 14334, de 30 de novembro de 1944, desmembra do Município de Campinas o Distrito de Cosmópolis.

Em virtude do Decreto-lei Estadual nº. 14334, de 30 novembro de 1944, que fixou o quadro territorial para o período de 1945 a 1948, continua com 5 Distritos: Campinas (composto de 1º., 2º. e 3º. subdistritos), Paulínia, Sousas, Valinhos e Sumaré (ex-Rebouças).

Lei Estadual nº. 2456, de 30 de dezembro de 1953, desmembra do Município de Campinas os Distritos de Sumaré e Valinhos.

Lei Estadual nº. 2456, de 30 de dezembro de 1953, cria o Distrito de Barão de Geraldo e incorpora ao Município de Campinas.

Assim permanecendo na divisão fixada pela Lei nº. 233, para vigorar em 1949-1953.

Aparece no quadro territorial fixado para 1954-1958, pela Lei nº. 2456, de 30 de dezembro de 1953, sem os Distritos de Sumaré e Valinhos (elevados à categoria de Municípios pela mesma Lei) e acrescentando de Barão de Geraldo.

Lei nº. 5285, de 18 de fevereiro de 1959, cria o Distrito de Joaquim Egídio e incorpora ao Município de Campinas.

Em divisão territorial datada de 01 de julho de 1960, a formação do Município é a seguinte: Campinas, Barão de Geraldo, Joaquim Egídio, Paulínia e Sousas.

Lei Estadual nº. 8092, de 28 de fevereiro de 1964, cria o Distrito de Nova aparecida e incorpora ao Município de Campinas.

Pela Lei Estadual nº. 8092, de 28 de fevereiro de 1964, desmembra do Município de Campinas o Distrito de Paulínia.

Em divisão territorial datada de 31 de dezembro de 1968. O Município é constituído de 5 Distritos: Campinas, Barão de Geraldo, Joaquim Egídio, Nova Aparecida e Sousas. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 15 de julho de 1997.

A Região Metropolitana de Campinas, constituída por dezenove municípios paulistas
, foi criada pela Lei Complementar Estadual nº. 870, de 19 de junho de 2000.

20 de agosto de 2006

Curiosidades: Hino de Campinas

O Hino de Campinas, intitulado "AO POVO CAMPINEIRO: PROGRESSO", foi camposto pelo maestro Antônio Carlos Gomes, maestro campineiro em 1885 e foi oficializado como hino da cidade por Lei nº. 7.945 de 27 de junho de 1994.

AO POVO CAMPINEIRO: PROGRESSO
(Antônio Carlos Gomes)

Progresso! Progresso!
Seja a nossa divisa.
Progresso! Progresso!
Seja a nossa divisa.
Porvir!
Das Indústrias no enorme Congresso.
Precisamos galhardos agir.
Precisamos galhardos agir.
Honra ao povo que sabe,
Os louros da glória colher.
Ecoa alma de luzes
Sedenta, sedenta a luz
Do trabalho vai colher!
Honra ao povo que sabe,
Os louros da glória, da glória colher.
Honra ao povo que sabe,
Os louros da glória colher
Ao povo... ao povo que sabe
Da glória os louros colher.
Progresso! Progresso!
Seja a nossa conquista: Porvir!
Progresso!

19 de agosto de 2006

Curiosidades: Os Símbolos Oficiais de Campinas

A Bandeira

Fundo branco, Escudo e letras em azul marinho, Emblema amarelo.


A bandeira de Campinas foi criada por Romeu Santini (foto abaixo), vereador da década de 1960 e com estudo de Guilherme de Almeida (foto abaixo), o Príncipe dos Poetas brasileiros; possui o fundo branco representando a pureza, o escudo e as letras em azul representando a lealdade. O centro do brasão é amarelo, representando a riqueza, onde está desenhada a imagem da fênix, símbolo da imortalidade do povo campineiro. Obedece a proporção estabelecida para bandeiras, de 14x20, quer dizer 14 módulos de altura por 20 de comprimento. A figura central (escudo) está fixado à 4 módulos e distando 5 módulos da extremidade (superior e inferior).

Foi aprovada oficialmente em 16-06-1961 sob a lei n° 2.523, e promulgada em 26-06-1961, pelo prefeito municipal Miguel Vicente Cury.


O Brasão



..........,,,,,,........ ..Antigo///..//////////Atual

No fim do século XIX, o Dr. Ricardo Gumbleton Daunt projetou e propôs a Câmara a adoção de um brasão de armas para Campinas. Consultados técnicos da época, feito o respectivo desenho, a Câmara acolheu a proposta, em 1889, do Dr. Ricardo e adotou um brasão para Campinas.

O brasão de Campinas é formado por um escudo tendo ao centro uma fênix, ave mitológica, que simboliza o renascimento. O escudo é encimado por uma coroa mural com torres, símbolo da emancipação política. À esquerda, está uma haste de cana-de-açúcar e à direita uma haste de café, plantas que formaram as primeiras fontes de renda de Campinas no início da sua história. Sob o escudo está uma faixa com a divisa em latim "Labore Virtude Civitas Floret" ou, em português, "No Trabalho e na Virtude a Cidade Floresce".

A curiosidade no brasão de Campinas, é a fênix que domina quase todo espaço do escudo central. No final do século XIX, uma série de epidemias de febre-amarela quase dizimaram a população do município.

Muitas pessoas emigraram, a cidade ficou desolada e a economia enfraqueceu. Aos poucos a epidemia foi sendo debelada e a vida voltou ao normal.

18 de agosto de 2006

Curiosidades: Campineiro ou Campinense - Uma polêmica acadêmica

Em 1956 quando foi criada a Academia Campinense de Letras, os intelectuais da época, na pessoa de um de seus fundadores – Francisco Sampaio, acreditava que “campineiro” relacionava-se com a profissão do homem do campo, da mesma forma que mineiro se refere às minas. E portanto tal termo era indigno para ser usado para um povo “tão nobre”. Visando tratar a questão acadêmica com a devida adequação, achou mais apropriado denominar a nova instituição de “campinense”.

Na época a polêmica foi criada por Benedito Barbosa Pupo, pois este dizia que o termo “campinense” era gentílico (
designativo a região/cidade a que se pertence) de Campina Grande na Paraíba. Porém houve contestação de Conceição Arruda Toledo, através de estudo de Aristides Monteiro, para quem segundo nomes compostos prevalece sobre o primeiro, como Rio Grande, cujo gentílico é riograndense. E portanto deveria ser campinagrandense. E assim o gentílio campinense poder-se-i-a usar para os nascidos em Campinas.

Estes dados acima foram extraídos de artigo publicado no jornal Correio Popular, Campinas, em 14 de julho de 1995, tendo como autor João Nunes.

Hoje, em 2006; tudo isto demonstra, e já na época era claro, que esta discussão era puramente acadêmica, ou no linguajar do povo “pura besteira”. Haja vista, que o termo “campineiro” já havia se tornado comum entre a população e este era usado como “aquele que nasceu em Campinas”. E o termo “campinense” também já havia sido eternizado para quem nasce em Campina Grande. E como diz aquela frase latina “Vox populi, vox Dei” e ponto final.

Fica-se CAMPINEIRO para quem nasce em Campinas e como finaliza Benedito Barbosa Pupo: “Embora se considere o adjetivo “campineiro” uma anomalia gramatical, como brasileiro e mineiro, o nome já está consagrado, pois designa quem nasce em Campinas. O termo campinense está ligado à cidade paraibana de Campina Grande. Alguns alegaram que o termo campineiro é plebeu ou rude por denominar ‘trabalhador do campo’. Mas adotar o erudito campinense não havia possibilidade, pois seria ‘tomar’ tradições que pertence legitimamente à cidade da Paraíba”.

17 de agosto de 2006

Personagem: Francisco Barreto Leme - Uma pequena biografia


Francisco Barreto Leme, o fundador de Campinas, nasceu na então Vila de Taubaté, em 1704 e ali se casou aos 26 anos com Rosa Maria de Gusmão. Veio estabelecer-se com a família no termo de Jundiaí e ouvindo falar da uberdade do solo entre a cidade e a Vila de Moji-Morim, passou a residir num lugar chamado de Campinas de Mata Groso. A povoação foi crescendo e Barreto Leme muito fez por ela, ao ponto de conseguir a criação da Frequesia das Campinas de Mato Grosso, tendo doado, ao que se diz, terreno para a primeira igreja.

Em 1774 o governador, D. Luís António de Sousa Botelho Galvão, atendendo naturalmente ao mérito de Barreto Leme, nomeou-o fundador da Frequesia. Morreu no dia 9 de abril de 1782 e foi sepultado na Igreja Matriz da Frequesia, no local onde hoje se encontra a Matriz do Carmo, a moldura acima encontra-se afixada no interior da igreja indicando o fato. Faleceu aos 78 anos, deixando numerosa prole.

Quando da criação frequesia, o pequeno povoado contava 51 famílias e com
854 pessoas.

16 de agosto de 2006

Curiosidades: Francisco Barreto Leme – Suas orígens

Francisco Barreto Leme

A família de Francisco Barreto Leme era originária dos Lems, naturais de Bruges, na Bélgica e algumas outras cidades da Holanda.

O fundador dessa dinastia foi Martim Lems, um rico negociante que se mudou para Lisboa e trocou o sobrenome para Leme. Os demais descendentes de Martim Lems foram para a Ilha da Madeira, de onde saíram com o intuito de ajudar a povoar o Brasil à partir de São Vicente, no litoral paulista.

Nessa época, os engenhos de cana-de-açúcar impulsionavam a economia e como não podia deixar de ser, os Lemes participaram na construção dos primeiros engenhos no país. O curioso é que o famoso bandeirante Fernão Dias Paes Leme, também é um parente da família Leme, assim como Pedro Álvares Cabral.

Todos os antecedentes de Francisco Barreto Leme compõe o panorama rico e, ao mesmo tempo, complexo do processo de fundação de Campinas o que fortalece a própria identidade da cidade.

Entenda o caso:

Um filho de Martim Leme, batizado com o mesmo nome do pai, ficou conhecido por Martim Leme I. Quando foi morar em Lisboa em 1452, tornou-se rapidamente um influente senhor de negócios na capital portuguesa na área de cortiça, seguindo os rastros do pai.

Definitivamente estabelecidos em Portugal, dois filhos de Martim Leme I, Martim Leme II e Antônio Leme desempenhariam papel central na conquista de Tânger e Arzila, no norte da África, em 1471, representando a coroa portuguesa, sendo nomeados cavaleiros Flamengos a serviço do rei Afonso V.

Martim Leme II decidiu voltar para Bruges, na Bélgica e lá ocupou altos cargos locais e, depois se tornaria um dos nomes mais cogitados da política, das finanças e do militarismo dos países baixos.

António Leme, irmão de Martim Leme II, se estabeleceu em Funchal, na Ilha de Madeira, local em que se iniciou a expansão ultramarina portuguesa nos séculos XV e XVI. De acordo com os historiadores que estudam a expansão portuguesa, António Leme teria sido colaborador de Cristóvão Colombo. O descobridor oficial da América viveu por muito tempo na Ilha da Madeira, onde casou-se com uma filha de João Gonçalves Zarco, o descobridor das Ilhas, em 1419.

Em Madeira, Antônio Leme se casou com Catarina de Barros, filha de uma tradicional família local.

António Leme fundou a Quinta dos Lemes, na Freguesia de Santo Antônio dos Campos.

Dois filhos de Antônio Martim Leme III participaram em 1509 de uma expedição pela tomada de Azamor, no norte da África. Martim Leme III era casado com Maria Adão Ferreira que foi a primeira criança batizada na Ilha da Madeira. O nome Adão foi escolhido propositadamente. Quando a Ilha da Madeira foi descoberta era considerado um verdadeiro paraíso perdido pelos ultra-católicos europeus da época.

Outro filho de Antônio Leme, Antônio Leme II, migrou para o Brasil e em 1544 era juiz ordinário do Conselho Municipal de São Vicente, cargo hoje equivalente ao de presidente da Câmara Municipal. Então, Antônio Leme III iniciou o clã da família Leme no Brasil. Seu filho, Pedro Leme, se casou três vezes e seus descendentes estiveram entre os pioneiros da introdução da cana-de-açúcar no Brasil, mais especificamente em São Vicente, litoral paulista.
A cana veio com Martim Afonso de Sousa, da Ilha da Madeira, que foi o local de ensaio para Portugal experimentar novas formas de cultivo que, mais tarde, seriam introduzidas para as suas colônias.

A família Leme se associou a outros empresários e junto com eles, ficou sendo proprietária do Engenho São Jorge dos Erasmos.

Ainda no Brasil, alguns dos Lemes participaram de entradas para a captura de índios que seriam utilizados como escravos nos engenho e outras atividades. O próprio Pedro Leme participou de uma entrada comandada por Jerônimo Leitão e que fez incursões nos territórios dos Carijós, em Santa Catarina.

Uma neta de Pedro Leme, Lucrécia Leme, teve sete filhos com seu primo, Fernando Dias Paes, que tinha uma fazenda na região do Rio Pinheiros, em São Paulo. Um dos filhos do casal foi Fernão Dias Paes Leme, o Bandeirante que ficou conhecido como "caçador de esmeradas e índios".

Os Lemes em Mato Grosso (Campinas)

Um irmão de Lucrécia Leme, Braz Esteves Leme, fez fortuna explorando uma mina de ouro e viveu com várias mulheres índias, com quem teve 14 filhos mamelucos. Outro irmão de Lucrécia, também de nome Pedro Leme, foi o bisavô de Francisco Barreto Leme.

Pedro Leme foi o pai de Mateus Leme do Prado, que viveu em São Vicente e depois se estabeleceu no vale do Paraíba. Em Caçapava, na época, pertencente à Taubaté, que Pedro Leme do Prado se casou com Francisca de Arruda Cabral, com quem gerou Francisco de Barreto Leme, nascido em 1704.

Quando Barreto Leme chegou à Campinas em 1740 para tomar posse de uma sesmaria, o mais recente descendente dos Leme carregava três séculos de serviços prestados à Coroa Portuguesa através da expansão.

Daí em diante, o bairro rural de Campinas do Mato Grosso se tornaria o principal pólo açucareiro de São Paulo. A cultura herdada pelos Lemes em São Vicente começou a fincar suas raízes no enorme bairro rodeado por florestas utilizando mão-de-obra indígena e escrava.

O que Pedro Álvares Cabral tem haver com o clã dos Leme?

A mãe de Barreto Leme, Francisca de Arruda Cabral é neta do capitão Manuel da Costa Cabral, descendente da família que se estabeleceu na Ilha da Madeira.

O trisavô de Pedro Álvares era Álvaro Gil Cabral, um dos fiéis escudeiros do rei na batalha de Aljubarrota, em 1385, e responsável pela proteção do castelo de Belo Monte ou Belmonte, uma suntuosa edificação iniciada pelo rei Dom Diniz, mas que demorou anos para ser concluída. Em função dessas ações de Álvaro Gil Cabral que ele acabou se tornando o governador de Belmonte.

Um filho de Álvaro Gil e bisavô de Pedro Álvares, Luís Alvares Cabral, também lutou em Aljubarrota e foi escudeiro do rei Dom João I e fiscal de finanças da casa do Infante Dom Henrique, ao lado do qual participou da tomada de Celta, em 1415.

Filho de Luis Álvares, Fernão Álvares Cabral, foi considerado um dos heróis da tomada de Celta, no Marrocos, tornando-se guarda-mor do Infante Dom Henrique e teve dois filhos, Diogo e Fernão. Diogo Cabral foi morar em Madeira, onde casou-se com Beatriz Gonçalves da Câmara, filha de João Gonçalves Zarco, o descobridor da Ilha, em 1419, e responsável pela construção da igreja de Santa Maria da Estrela, uma das mais belas capelas da Ilha da Madeira, na vila de Calheta.

O irmão de Diogo, o segundo Senhor Fernão Álvares Cabral, era o senhor de Belmonte, se casou com Isabel Gouveia de uma das famílias mais ricas de Portugal e tiveram sete filhos. O segundo filho era Pedro Álvares Cabral, que também se casaria com uma mulher rica, Isabel de Castro.

O capitão Manuel da Costa Cabral, bisavô de Francisco Barreto Leme, era descendente do ramo dos Cabral que se estabeleceu em Madeira e outras Ilhas descobertas por Portugal na Costa da África. Ao fundar Campinas, por determinação de Morgado de Mateus, Barreto Leme seguia assim a tradição da família Cabral, de ser também, ao lado dos Leme, uma das principais protagonistas da expansão portuguesa nos séculos XV e XVI.

15 de agosto de 2006

Curiosidades: A Dívida de Campinas para com o IV Morgado de Mateus

O IV Morgado de Mateus (D. Luís António de Sousa Botelho Mourão) restaurador da Capitânia de São Paulo e co-fundador da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas, em 1774, foi uma notável personalidade da era do Brasil-Colônia. Embora o nascimento em alta esfera da aristocracia portuguesa lhe proporcionasse o conforto de uma família rica, de que era herdeiro, D. Luís Antonio de Sousa demonstrou logo sua vocação para a atividade militar.

Primogênito varão de D. António José Botelho Mourão e Dona Joana de Sousa; D. Luís António de Sousa Botelho Mourão nasceu em 21 de fevereiro de 1722. Seu pai, fidalgo da Casa Real, era Tenente-Coronel da Cavalaria, Cavaleiro de Cristo e Morgado de Mateus; serviu nas guerras da Grande Aliança, e honrou sobremaneira a sua estirpe dando grande brilho à sua casa. O grande Palácio, obra arquitetônica de excepcional valor e uma das mais nobres residências portuguesas- O Solar de Mateus, de Vila Real, em Trás-os-montes foi construído pelo D. António, progenitor de D. Luís António de Sousa.

No ano de 1753, D. Luís Antonio tornava-se Fidalgo da Casa Real, recebendo mercê da Honra da Ovelha, na Serra do Marão. Américo de Moura traçou excelente biografia do Capitão-General da Capitania de São Paulo, na qual informa que D. Luís Antonio de Sousa casou-se provavelmente neste mesmo ano, com sua parenta, D. Eleonor Ana José Luisa de Portugal, filha de Rodrigo de Sousa Coutinho e de D. Maria Antonio de Meneses. Na cidade do Porto, onde residia o casal, nasceu-lhe o primogênito, D. José Maria de Sousa, que herdou o morgadio.

Este fidalgo, que seguiu a carreira diplomática, tornou-se célebre pelo fato de haver mandado imprimir a edição monumental de Os Lusíadas. Além do morgadio herdado, com a morte de D. Luís António, D. José Maria herdou outros atributos do pai, como, por exemplo, o gosto pela cultura, manifestado por vários atos deste durante o seu governo na Capitania de São Paulo.

Como Capião-General, foi Governador da Capitânia de São Paulo, por ele restaurada. O bicentenário da morte do IV Morgado de Mateus ocorre a 5 de outubro do corrente ano. Campinas se prepara para rememorar, com homenagem, àquele que investiu Francisco Barreto Leme na função de "fundador, diretor e administrador" da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas, em 1774.

Administrador, estadista e urbanizador, D. Luís António era ainda um homem que valorizava a cultura, tendo mesmo fundado na Capitania a "Academia dos Felizes", homônima de outra que, segundo Afonso D'Escragnolle Taunay, existiu no Rio de Janeiro. Ardoroso devoto de Sant'Ana, o Capitão-General mandou erigir uma Capela em louvor à Santa, no templo jesuítico, a qual se inaugurou a 19 de agosto de 1770.

Como parte das festas então realizadas, naquele sábado de agosto, o governador da Capitania promoveu a sessão literária, a primeira dentro das lindes paulistanas, que na opinião de Afonso D'Escragnolle Taunay teria sido uma sessão acadêmico-literária de larga envergadura e soleníssima. Nela foi declamado o soneto "Em louvor da Gloriosa Santa Ana", de autoria do próprio Morgado de Mateus. A primeira atividade da Acadêmia dos Felizes se realizou durante uma sessão, segundo Taunay e Tito Livio Ferreira, em louvor à Santa. Durante a sessão que se realizou das 7 horas da noite às 2 horas da madrugada, D. Luís António declamou o soneto em louvor à santa de sua devoção:
"Gloriosa Matrona, cujo emprego/ por dom de Deus Eterno Onipotente/ é socorrer o mísero inocente,/ que deste mundo surca o lar pego/ Neste mar proceloso, em que navego/ Conduzindo o destino a tanta gente,/ os votos vos consagro humildemente/ Quando a vós o governo todo entrego./ Vós sois do mar da graça norte, e guia,/ que ao humano baixei desamparado/ o socorro prestais de mais valia:/ Fazei que destes céus nos seja dado/ o ouro, que encha os povos de alegria/ a graça, que nos livre do pecado".

Na sua contribuição para o aprimoramento da cultura dos paulistas governados por ele, D. Luís Antonio tomou medidas em favor da implantação de escolas e de espetáculos de ópera, como está documentado. Com data de 20 de novembro de 1772, o Morgado de Mateus assinou uma "Portaria sobre o divertimento das óperas", encarregando o Juiz de Fora da Vila de Santos, dr. José Gomes Pinto de Morais, como diretor encarregado deste divertimento. Outro documento sobre a cultura do povo da Capitânia é o que tem a data de 20 de julho de 1774. Trata-se do "Bando para se abrirem escolas públicas de ler, escrever e contar e Estudos de Gramática, Grego etc".

Sobre a atividade cultural do Morgado de Mateus, devemos lembrarmo-nos ainda de seus dotes como compositor musical, como prova a música sacra, composta por ele, proibida de ser cantada nas festas eclesiásticas da Capitania pelo seu detrator, Frei Manoel da Ressurreição, primeiro bispo de São Paulo.

Como administrador, a ação do Morgado de Mateus, que tratava de fortificar militarmente São Paulo, fez-se também sentir na economia, com incentivo dado à agricultura, fazendo proliferarem lavouras de cana-de-açúcar e a implantação de engenhos, o que favoreceu a exportação de açúcar para a Europa.

Campinas tem, (não há dúvida), uma grande dívida a saldar com Dom Luís António, que deveria ter seu nome corretamente colocado na placa da rua em sua homenagem no Jardim Proença. A iniciativa de dar o nome de "Dom Luís António de Sousa" a uma rua de Campinas partiu do então vereador, o médico Ataliba de Camargo Andrade. Na placa daquela via pública está apenas Luís António de Sousa, sem o "Dom". O correto seria seguir o exemplo da capital que tem uma rua com o nome de "Morgado de Mateus".

Campinas erigiu em sua Praça Guilherme de Almeida um monumento em honra aos fundadores da cidade, omitindo, porém, o nome do autor intelectual do núcleo urbano aqui implantado por Barreto Leme, segundo ordens recebidas do Governo da Capitânia. Na gestão do então prefeito Orestes Quércia, ficou estabelecido que o nome do Morgado de Mateus seria colocado no painel do monumento, o que não ocorreu até hoje. Neste ano do transcurso dos duzentos anos da morte de D. Luís António de Sousa surge uma oportunidade para Campinas corrigir o erro do passado, pagando as dívidas que deve ao seu fundador intelectual.

Há vinte anos, no Suplemento Especial, sobre o Morgado de Mateus, o Correio Popular (02/08/1978), sob minha responsabilidade, veiculou esclarecimentos sobre nomes de ruas, que, penso, são muito oportunos no momento: A propósito da "anomalia", existente quanto ao nome desta rua, o professor Odilon Nogueira de Matos, em seu Memorial sobre a Nomenclatura de Vias Públicas de Campinas, apresentado à Sociedade dos Amigos da Cidade, fez considerações, defendendo o título e não o nome para homenagear o Morgado de Mateus.

Suas razões são estas: "Quando o indivíduo é titulado, a denominação deve sempre ser dada pelo título e não pelo nome, pois é pelo título que ele entra para as páginas da história, e portanto, se torna conhecido. Não teria propósito uma rua em homenagem ao Duque de Caxias chamar-se Luis Alves Lima e Silva, embora este fosse o seu nome, ou Alfredo D'Escragnolle Taunay, em vez de Visconde de Taunay. Dois casos existem, em Campinas, dignos de nota, ambos verdadeiramente absurdos. O primeiro refere-se à Rua D. Luís António de Sousa, que deveria chamar-se Rua Morgado de Mateus, que é o seu título e foi como ele passou à história. Trata-se do Governo de São Paulo na época da fundação de Campinas, cujo verdadeiro nome raramente aparece nos livros de história".

O outro caso mencionado pelo professor Odilon Nogueira de Matos é a Rua Afonso Celso de Assis Figueiredo, que deveria chamar-se, segundo ele, simplesmente Rua Conde Afonso Celso.

Na ocasião, o vereador Anatole Brasil Noronha Sales se manifestou na Câmara em favor da mudança do nome da Rua D. Luiz Antonio de Sousa para Morgado de Mateus, o que provavelmente hoje se torna difícil, pelos transtornos que causaria aos habitantes a mudança do endereço.

(Jornal Correio Popular, Campinas, 27 de fevereiro de 1998 - Benedito Barbosa Pupo - Jornalista e pesquisador do Centro de Memória da Unicamp)

Nota complementar ao artigo: Dom Luís António de Sousa Botelho Mourão faleceu em 05 de outubro de 1798 na cidade portuguesa de Vila Real.

14 de agosto de 2006

Curiosidades: Fundação de Campinas e origem de seu nome

A origem do povoamento de Campinas está ligada à abertura dos caminhos para o sertão de Goiás e Mato Grosso, feita pelos Bandeirantes paulistas do Planalto de Piratininga. Uma dessas trilhas, aberta entre 1721 e 1730, chamou-se Caminho dos Goiáses. Logo instalou-se um pouso para descanso dos tropeiros que utilizavam esse caminho entre as vilas de Jundiaí e Moji-Mirim. Esse pouso ficou conhecido por Campinhos de Mato Grosso, passou a se denominar Bairro de Mato Grosso, e posteriormente Campinas do Mato Grosso em razão de haver na região três pequenos terrenos descampados (extensos, desabitados e sem árvores, ou seja campo, campina ou planície), o que explica o nome.

O povoamento efetivo começou com a chegada de Francisco Barreto Leme, vindo de Taubaté entre 1739 e 1744. Veio com sua família e conterrâneos e fixou-se em terras adquiridas do que era uma antiga sesmaria.

No ano de 1767, eram 185 as pessoas que moravam no bairro de Mato Grosso, segundo um recenseamento. A economia baseada na agricultura de subsistência e os recursos disponíveis eram mínimos. Em 1772 foi solicitada licença para a construção de uma capela devido à grande distância das igrejas, mais próximas de Jundiaí. Através de pressões políticas as autoridades eclesiásticas concederam, em 1773, autorização para a construção de uma igreja Matriz, ao invés de uma simples capela. Isso significou a emancipação religiosa de Campinas, embora a vila continuasse dependente politicamente de Jundiaí. No mês de maio de 1774, o então governador da Capitania de São Paulo, Dom Luís António Souza Bueno Botelho Mourão - o IV Morgado de Mateus, outorgou a Francisco Barreto Leme a fundação do núcleo e estipulou algumas medidas urbanísticas básicas para o local.

Quadro de Salvador Caruso retratando a 1a. missa. Veja uma biografia da família Caruso em http://www.pintorescaruso.blogspot.com/ . Informação gentilmente cedida por Rubens Caruso Jr..

No dia 14 de julho de 1774, em uma capela provisória, foi celebrada a primeira missa por Frei Antonio de Pádua, primeiro vigário da nova paróquia e assim oficializada a fundação da Freguesia Nossa Senhora da Conceição das Campinas de Mato Grosso. Essa data ficou sendo a data oficial da fundação de Campinas. Já em 1775, foi criado o Distrito de Conceição de Campinas.

Em 1797 foi elevado à condição de vila com o nome de Vila de São Carlos, surgindo assim o município com território desmembrado de Jundiaí. Eram 2107 habitantes e pouco mais de quatrocentas casas. A denominação de Vila de São Carlos nunca prevaleceu junto à população, tanto que no ano de 1842 a vila foi elevada à categoria de cidade com o nome de Campinas.

13 de agosto de 2006

Curiosidades: O Nascimento de Campinas

Dom Luís António de Sousa Botelho Mourão, IV Morgado de Mateus e governador da capitania de São Paulo
Morgado de Mateus foi um título de nobiliárquico português baseado na transmissão em morgadio (morgado é um vínculo entre um pai e sua descendência no qual seus bens são transmitidos ao filho primogênito, sem que este os possa vender. Por extensão, o morgado é também o filho mais velho de um casal, beneficiado pelo morgadio ou não).

O IV Morgado de Mateus e a Autonomia da Capitania de São Paulo

"A administração de Dom Luís António de Sousa Botelho Mourão, o IV Morgado de Mateus, na governança da Capitania de São Paulo, que se estendeu de 1765 a 1775, marcou o início de um novo ciclo da história paulista. Ciclo de trabalho fecundo, de progresso, de organização social, econômica e política. Período no qual fortaleceu-se sobremaneira o incipiente sistema patriarcal paulista, tão esmaecido nos dois primeiros séculos da colonização. Nesta auspiciosa etapa da história de São Paulo principiou o povo paulista a tomar consciência de si mesmo, conhecendo-se e conhecendo também, palmo a palmo, o território da Capitania. Fixaram-se, desde então, os limites com as demais, foram-se definindo os pontos de equilíbrio econômico da região planaltina, enquanto que entrou a cidade nobreguense a consolidar sua hegemonia sobre os conglomerados urbanos ao seu derredor.

Em 1765 o IV Morgado de Mateus ordenou o levantamento da primeira tentativa de censo demográfico em São Paulo, registrando o trabalho 899 fogos com 1748 homens e 2090 mulheres para a freguesia de São Paulo. A cidade propiamente dita compreendia 392 fogos com 648 homens e 867 mulheres. Os bairros eram os do Pari, cujos moradores quase todos eram gente bastarda (mestiços de brancos e índios), Embujaçava, Pirajuçava, Pinheiros, Nossa Senhora do Ó, Santana , Penha, Tremembé até a Cachoeira (inclusive), Jaguará, Caguaçu, Tatuapé, Aricanduva. Mais afastados, São Bernardo, Borda do Campo, Mercês, São Caetano. O recenseamento ordenado pelo Morgado de Mateus arrolou apenas 26 mercadores, 10 vendeiros, 3 boticários. Maior número de artífices devia existir na cidade, embora muitos não aparecessem nos róis por serem escravos. As padeiras, por exemplo, eram quase todas cativas.

Na discriminação dos cabedais, encontramos 204 referências aos bens dos chefes de famílias dos 392 fogos da cidade e 212 para os dos 507 fogos dos bairros. A fortuna de realce arrolada era de 28 contos de réis e a modesta de 25 mil e 600 réis. Distribuíam-se as fortunas do seguinte modo: acima de 25 contos de réis, uma; entre 20 e 25 contos de réis, uma; entre 10 e 20 contos de réis, uma; entre 5 e 10 contos de réis, cinco; entre 1 e 5 contos de réis, trinta e três; entre 500 mil réis e um conto de réis, quarenta e cinco; entre 100 e 500 mil-réis, duzentos..."

("A Cidade e o Planalto", de Gilberto Leite de Barros, Editora Martins, São Paulo, 1967)


IV Morgado de Mateus: Administrador e Estadista

Extinta a Capitania de São Paulo em maio de 1748, então sensivelmente reduzida em seu território, os habitantes dessa unidade ficaram sob a jurisdição do governador do Rio de janeiro, da qual os atuais Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, em seu conjunto, se tornaram mera comarca como afirma Américo de Moura. Isso significou apenas que a Capitania de São Paulo ficou acéfala durante 17 anos, até que D. José I resolveu nomear D. Luís António de Sousa Botelho Mourão, IV Morgado de Mateus, seu governador, por ato de 6 de janeiro de 1765.

Nos dez anos que aqui permaneceu o Morgado, a Capitania, pelo influxo desse fidalgo, ganhou novo alento, graças à atividade agrícola que então passou a ser exercida pelos paulistas, visando à exportação de seus produtos.

Povoações foram fundadas, com o fim de reunir a gente esparsa pelo vasto território. Entre essas povoações, figuram Campinas e Piracicaba, em nossa Região. Em documento, autorizado a fundação da povoação da Vila de Iguape, salientava o IV Morgado de Mateus que isso devia ser feito para congregar as pessoas que viviam esparsas na Capitania. Tais pessoas deviam morar em lugares onde houvesse pelo menos cinqüenta vizinhos. Essa medida se tornava necessária, porque era contra o serviço de Deus viverem em matos, longe do comércio, sem assistência religiosa e sem tempo para prestar serviço à República. Daí o título de "urbanizador", outorgado ao Morgado de Mateus pelos historiadores.

No desempenho de sua missão de fundar povoações, era minucioso o Morgado de Mateus. Temos prova disso com as instruções dadas por ele, em 27 de maio, para arruamento de Campinas. Em outras, suas ordens eram de que no sítio escolhido para a nova povoação deveria existir rio, caça e roças. Quando se fizesse a praça quadrangular, nas povoações recém-formadas, deviam ser colocadas cordas esticadas, para assinalar as ruas e travessas, que deveriam ser retas. Toda povoação devia ter uma igreja.

Até há pouco tempo, a documentação sobre o Morgado de Mateus acessível a nós, brasileiros, se limitava à existente no Departamento de Arquivo do Estado, em São Paulo. Agora, entretanto, com o "Arquivo de Mateus", farto repositório de importantes documentos sobre São Paulo, adquirido pela Biblioteca Nacional do Rio de janeiro, torna-se possível um melhor conhecimento de Dom Luís António de Souza Botelho Mourão, quando à testa do governo paulista. Ainda não toda catalogada, essa documentação pode, entretando, ser manuseada na seção de Manuscritos, daquela Biblioteca.

A bibliografia sobre o IV Morgado de Mateus é, ainda, escassa, mas os documentos existentes em São Paulo e no Rio, respectivamente no Departamento de Arquivo do Estado e na Biblioteca Nacional, se constituem em rico manancial onde os estudiosos poderão haurir farta messe de elementos, sobre a personalidade e a ação dessa fascinante figura de estadista e administrador, que foi o IV Morgado de Mateus, da qual aqui se apresentam alguns aspectos. A abordagem desses setores representa o resultado de pesquisa, não só nas fontes primárias existentes no Rio e em São Paulo, como em estudos de alguns autores, que ocupam do IV Morgado de Mateus, como Capitão-General da Capitania de São Paulo.

(Jornal Correio Popular, Campinas, 14 de fevereiro de 1998 - Benedito Barbosa Pupo - Jornalista e pesquisador do Centro de Memória da Unicamp)

12 de agosto de 2006

Pró-Memória de Campinas


O autor do blog e que tem a honra de procurar resgatar a história de sua terra natal, Campinas.


"Um povo sem História é um povo fadado ao desaparecimento em algum momento no futuro. Com esta frase pode-se deduzir que a História de um povo ou de sua própria cidade deve ser preservada a qualquer custo." (João Marcos Fantinatti)